EDITORIAL

Ciência com fronteiras

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2017 | 03:00
 
 

As universidades federais estão promovendo um painel em que dimensionam, dia a dia, quanto de dinheiro está sendo tirado do Orçamento da ciência brasileira pelo programa de ajuste fiscal do governo e por atos do presidente.

A iniciativa é dos sindicatos de professores e servidores das federais. Ontem, o painel da UFMG acusava que, desde 2015, foram cortados R$ 11 bilhões do Ministério da Ciência e Tecnologia, da Capes/MEC e das universidades.

As universidades se queixam de que já estão faltando recursos. Os cortes atingem mais de 25% do total. Os reitores estão tendo de economizar na limpeza e na segurança. Daqui a pouco, vão ter de paralisar as pesquisas, advertem.

O Brasil está perdendo cientistas. O programa Ciência sem Fronteiras, que financiava estudos no exterior, acabou. Quem conseguiu melhores condições lá fora não voltou. Aqui, as bolsas de pesquisas estão sendo reduzidas.

Quanto menos gente pensando, diz um reitor, menos chance de solucionar os problemas do país. O professor Cristovam Buarque chamou a atenção, há pouco, para o impasse que vivemos, sem quadros que pensem o Brasil.

Segundo ele, o país está sem rumo por falta de políticos, mas também de pensadores. As universidades não produzem filósofos capazes de formular um projeto de nação para o Brasil fora da dicotomia esquerda x direita.

Em poucos anos, China e Coreia do Sul fizeram uma revolução na educação. Hoje, são campeãs na avaliação de seus estudantes. A fórmula foi a soma de valorização do professor, participação da comunidade e gestão do governo.

A educação de qualidade oferecida à população mudou os índices econômicos desses países. Os recursos são aplicados adequadamente. A corrupção não conspira contra as políticas públicas que dão prioridade à educação.

A corrupção é responsável por uma parte da crise econômica do Brasil. Mas seu enfrentamento não resolve a questão das contas públicas. Para isso, o país reclama reformas estruturais, que terão de mexer nos “direitos”.