O Brasil está empobrecendo. Na manhã de ontem, o Boletim Focus do Banco Central mostrou que os analistas de mercado reduziram pela quinta semana seguida as perspectivas de crescimento para a economia neste ano, baixando de 5,15% para 5,04%. Ao mesmo tempo, as projeções de inflação chegaram a 8%, se aproximando perigosamente de um índice de dois dígitos.
Esses dados da macroeconomia representam para o brasileiro comum risco de encontrar menos empregos e necessidade de cada vez mais dinheiro para dar conta das despesas diárias. Isso em um país onde 27,7 milhões de pessoas estão em estado de pobreza, conforme estudo do instituto FGV Social divulgado no fim da semana passada.
A situação tende a piorar, uma vez que se aproxima outubro, quando será encerrado o programa de auxílio emergencial que socorre em torno de 39 milhões de pessoas atingidas pela crise econômica derivada da pandemia. Para o FGV Social, isso representará que o atual índice de pobreza passará dos atuais 13% da população para, pelo menos, 16%. Em dezembro do ano passado, o auxílio emergencial em pleno vigor foi responsável por reduzir o número de pessoas na pobreza para 9,8 milhões de brasileiros.
Mas é preciso mais do que um socorro eventual. É necessário enfrentar a questão da pobreza em várias frentes: primeiro, com programas sociais continuados e bem contemplados no Orçamento Federal – que enfrenta sérios problemas hoje, apesar dos recordes de arrecadação; segundo, com um combate consistente à inflação, catapultada por altas de preços administrados; e por fim, mas não menos importante, com políticas de incentivo à produção, capazes de gerar emprego e renda, que são as maiores armas para derrotar a pobreza.
---
O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.
Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.