Editorial

Equidade à prova

Enem e desigualdades na educação durante a pandemia

Por Da Redação
Publicado em 29 de junho de 2021 | 03:00
 
 

Amanhã, dia 30, começarão as inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o segundo realizado durante a pandemia do coronavírus. Se mantidos os números de 2020, são esperadas cerca de 6 milhões de inscrições de jovens que contam com o resultado dessa prova para o ingresso no ensino superior e o acesso a programas de financiamento estudantil.

Paira, contudo, sobre esses jovens, a sombra da desigualdade de condições com as quais chegam para competir em uma das etapas mais cruciais de sua juventude. Um estudo da Fundação Lemann mostra que, até maio passado, pouco mais de um em cada dez estudantes de baixa renda teve oportunidade de retorno às aulas presenciais, para quase metade dos jovens das classes mais altas. Mesmo o acesso em condições remotas não é universal: a estimativa é de que quase 1 milhão de alunos estejam há cerca de 15 meses sem aulas no país.

A pandemia também aprofundou o fosso entre as redes públicas e particulares. Enquanto escolas privadas oferecem a modalidade híbrida (online mais presencial) há alguns meses, outro levantamento, divulgado pelo jornal “O Globo”, mostra que em 18 redes estaduais ainda é oferecido apenas o ensino a distância – muitas vezes limitado por causa da falta de acesso a tecnologias como internet banda larga.

Para quem teve apenas aulas a distância, o aproveitamento é menor. O Insper calcula que é de apenas 17% do esperado em matemática e de 38% em linguagem. Como as provas ocorrerão em novembro, dificilmente haverá tempo para compensar essa diferença, mesmo em condições ideais. Assim, o Enem 2021 será uma prova dos prejuízos da pandemia e um chamamento à educação brasileira para sanar essa discrepância e prover futuro justo e equânime para todos.