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Liberdade sempre

Publicado em: Sex, 19/02/21 - 03h02

Duas jornalistas da Bielorrússia foram sentenciadas ontem a dois anos de prisão por terem filmado, em novembro último, a repressão violenta a um protesto contra a ditadura de Aleksandr Lukashenko. Nesta semana, um repórter brasileiro que mostrou goteiras, mofo e sujeira na Câmara dos Deputados relatou ter sido impedido de entrar na Casa no dia seguinte à reportagem, com a justificativa de que era feriado.

Com maior ou menor sutileza, os dois casos, em pontos diferentes do planeta, sinalizam como tem sido difícil exercer o papel de informar. Só no Brasil, no ano passado, foram registrados 428 casos de ataques à liberdade de imprensa, segundo a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). 

Não bastassem os casos explícitos, que envolvem prisão e até assassinato, há também a crescente rejeição do público, que atribui a profissionais no exercício da função um alinhamento político à esquerda ou à direita que, na maioria das vezes, não existe, mas ainda assim motiva ameaças e agressões verbais e físicas.

A imprensa tem sido igualmente repreendida por “só dar notícias ruins” e chamada de “mentirosa” – esta última acusação, agravada pelos aplicativos de mensagens. No Brasil, há mais celulares que habitantes. Embora muitos planos tenham pouquíssima internet, o tráfego em apps de comunicação é geralmente liberado da franquia. Isso facilita a circulação de vídeos apócrifos, fake news, ofensas e teorias da conspiração, referendadas por aqueles que só validam conteúdos em sintonia com o que acreditam.

Esse caldeirão de adversidades torna mais importante e mais necessário o trabalho responsável da imprensa, especialmente durante esse período de tribulação trazido pela pandemia a todos os países. A sociedade precisa dizer “não” a essa violência.

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