Editorial

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Lição não aprendida

Publicado em: Seg, 25/02/19 - 03h00

Depois das tragédias de Mariana e Brumadinho, os empresários privados e os gestores públicos deveriam refletir sobre os riscos inerentes a certos empreendimentos, como os minerários, que tantos desastres têm produzido no país.

No entanto, parece que só as populações impactadas por esses empreendimentos, que pagam com a vida a insegurança de seus cidadãos, demonstram inquietação em relação às consequências dessas atividades de alto risco.

Na semana passada, a Câmara de Atividades Minerárias do Copam concedeu o licenciamento ambiental de um empreendimento que vai retomar a mineração na serra da Piedade, em Sabará, na região metropolitana da capital.

Sob protestos dos moradores, foi autorizada a extração de minério em locais já degradados pela mineração. Sete conselheiros votaram a favor, três foram contra e dois se abstiveram, denotando as dúvidas dos votantes.

Segundo ambientalistas, a mineração vai aumentar a área danificada, cuja exploração teve início nos anos 50. Essa foi feita de forma improvisada até 2005, quando foi suspensa judicialmente, diante do passivo ambiental.

O licenciamento prevê a supressão de vegetação nativa para dar viabilidade econômica ao empreendimento. A serra é um santuário ecológico, com significativas implicações culturais, turísticas, espirituais e religiosas.

As atividades passadas já causaram devastação, que a mineração vai expandir. De novo, os empreendedores não demonstram ter preocupação com o meio ambiente, pensando apenas nos efeitos de curto prazo.

E não basta pensar assim. Mariana e Brumadinho são exemplos disso. Os prejuízos não serão apenas da população, mas das próprias empresas mineradoras, que estão cavando sua ruína com as próprias mãos.

A serra da Piedade é um patrimônio de Minas Gerais que não deveria ser colocado em risco por uma atividade da economia primária que já demonstrou a má qualidade do desenvolvimento que proporciona.

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