Editorial

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Mal-estar existencial

Publicado em: Seg, 26/06/17 - 03h00

Um relatório da ONU divulgado na semana passada diz que o mercado de drogas está crescendo e se diversificando em todo o mundo. A produção de cocaína e ópio está em alta. Novas substâncias sintéticas, mais potentes e perigosas, estão sendo desenvolvidas.

Em consequência, está aumentando também a mortalidade por opiáceos. Nos Estados Unidos, ocorrem cerca de 25% das mortes por drogas no mundo, a maioria por cocaína e ópio. As overdoses triplicaram entre 1999 e 2015, passando de 16.849 para 52.404 por ano.

A sociedade está preocupada com as ameaças representadas pelas metanfetaminas e as novas substâncias psicoativas. No entanto, a fabricação das drogas tradicionais continua a crescer. Cerca de 250 milhões de pessoas consumiram droga uma vez em 2015.

Isto é 5% da população adulta mundial. Cerca de 190 mil morreram. Quase 30 milhões desenvolvem doenças como a HIV e a hepatite C, por causa da dependência. Mas só uma em seis que requerem tratamento recebe assistência, a maioria em países desenvolvidos.

A droga mais consumida é a maconha, com 3,8% da população adulta mundial utilizando a cannabis anualmente. A estimativa da ONU é de que cerca de 183 milhões de pessoas tenham usado a droga em 2015. Nesse ano, o Brasil foi o sétimo país em apreensões.

O levantamento da ONU constata que muitos seres humanos não podem viver sem as drogas. Elas fazem o indivíduo perder “anos de vida sã” pelas mortes prematuras e pela incapacidade causada pelo seu consumo. As cracolândias são o limite dessa dependência.

A sociedade mundial tem sido completamente incapaz de aplicar uma política efetiva e eficaz para conter essa tragédia. Parece impossível firmar um contrato social como o que foi celebrado com as drogas lícitas. Elas estão na raiz de um mal-estar existencial.

Neutro, o mercado cuida de atender quando surge alguma necessidade. Não há solução.

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