Males do trabalho

O dado é de ontem: a Previdência teve rombo recorde de R$ 268,7 bilhões em 2017. A alta foi de 18,7% comparada com 2016, apesar do combate que, em várias frentes, os últimos governos vêm fazendo às fontes de gastos do INSS.

Um estudo revelou que, no MEI, o benefício recebido pelo microempreendedor é maior do que a contribuição que ele faz. Desde o governo passado que os benefícios pagos pelo INSS estão sendo objeto de uma revisão pericial.

Os alvos são o auxílio-doença e as aposentadorias por invalidez. Até o final do ano, o governo estima fazer 1,2 milhão de revisões. De 249 mil exames já feitos, foram cancelados 226 mil auxílios-doença, com economia de R$ 5,7 bilhões.

Em 2017, o governo pagou 1,4 milhão de auxílios-doença por mês. Havia pessoas sem revisão médica há dois anos. Trata-se de um território fértil para fraudes. Não é à toa que se diz que o governo gasta muito e gasta mal.

Mas é preciso ver o outro lado. O TEMPO de domingo publicou uma matéria informando que, entre 2012 e 2016, houve 668 mil afastamentos do trabalho por transtornos mentais e comportamentais no país.

Só em Minas, foram mais de 30 mil por ano durante esse período. As mulheres foram 57% deles. Elas estão sujeitas a uma jornada dupla de trabalho, a maior assédio sexual e a mais discriminações de gênero.

O adoecimento mental é o terceiro maior motivo de auxilio-doença e aposentadoria por invalidez. As causas são a jornada excessiva de trabalho, a pressão por cumprir metas, a competição extrema e os assédios.

O estresse leva o trabalhador à depressão. O assunto está em dois filmes famosos: o italiano “O Grito” e o brasileiro “São Paulo S. A.”. Freud define o trabalho como uma ligação entre o indivíduo e a realidade social.

Desde que escolhido livremente. Marx apontou a alienação do e pelo trabalho. A doença avança sutilmente com a ajuda do álcool e das drogas. Para neutralizar essa tendência, um remédio é o bom ambiente de trabalho e o lazer.