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Matemática do risco

Publicado em: Seg, 10/08/20 - 03h00

Decisões judiciais na semana passada impediram a reabertura de escolas particulares no Rio, Distrito Federal e Tocantins, reacendendo a dúvida que atormenta pais sobre a volta às aulas presenciais. O dilema entre aprendizado e segurança nunca foi tão forte no país.

Em Manaus, a primeira capital a permitir o retorno dos estudantes, adotou-se um modelo híbrido, com atividades remotas e em sala, demandando investimentos das escolas e maior esforço dos professores.

Este parece indicar o “novo normal” da educação: gastos e cuidados maiores. Um estudo da University College London divulgado em julho avaliou as experiências no Reino Unido e Austrália e chegou à conclusão de que a volta segura se estabelece sobre o tripé higiene-distanciamento-testagem. Principalmente a testagem de casos suspeitos para identificar possíveis focos de contágio e agir a tempo de contê-los.

Mas nem todos os estabelecimentos estão nas mesmas condições para prover essa estrutura. Nos municípios, por exemplo, a queda de arrecadação afetou os repasses para a educação, e o movimento Todos pela Educação calcula que haverá até R$ 31 bilhões a menos no Orçamento. E, com as atividades de ensino a distância e a criação e estruturas emergenciais para atender os alunos durante a pandemia, o custo por estudante subiu, em média, R$ 770.

Mas não se pode evitar enfrentar esse dilema. Um estudo de economistas do Banco Mundial estimou que, depois de cinco meses fora dos bancos escolares, os estudantes podem ter uma perda e até 16 pontos no Pisa – o programa internacional de avaliação do aprendizado. Uma perda que colocaria o Brasil – que, infelizmente não tem se destacado – no nível de Marrocos em matemática.

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