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Menores no tráfico

Publicado em: Seg, 09/08/21 - 03h00

Balanço divulgado pela Justiça na semana passada mostrou que as ocorrências envolvendo menores em Belo Horizonte diminuíram 29% em 2020. Apesar de ser um fato a se comemorar, ele traz o alerta da cooptação da juventude pelo crime organizado. Praticamente metade das ocorrências que chegaram à Vara da Infância e Adolescência estava ligada ao tráfico ou ao uso de drogas.

Em números brutos, houve uma redução de 1.602 registros de tráfico de drogas entre jovens para 1.567 entre 2019 e 2020, mas o percentual em relação ao total de ocorrências subiu de 30% para 41%. No caso de uso de drogas, as ocorrências chegaram a 304.

Pelo levantamento do Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional (CIA-BH), são principalmente garotos entre 16 e 17 anos que ainda não chegaram ao ensino médio. Meninos que não enxergam oportunidades de mobilidade social a não ser em uma “indústria” que movimenta mais de R$ 17 bilhões ao ano, segundo cálculos do general Alberto Mendes Cardoso, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional.

Infelizmente, é um negócio em expansão. Somente nos primeiros sete meses deste ano, a Polícia Rodoviária Federal apreendeu 23,8 toneladas de drogas, entre maconha, cocaína, crack. Um aumento de 4,6% em relação ao mesmo período do ano passado.

Por trás dessa “oportunidade”, o que existe é oportunismo e covardia. Criminosos se escondem atrás de crianças e adolescentes que respondem na Justiça pelo crime que adultos cometem e com o qual apenas eles lucram. A solução depende de repressão às quadrilhas e ainda mais de inserção dos jovens, oferecendo educação e oportunidades de crescimento longe das drogas.

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