Editorial

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Outro lado da moeda

Publicado em: Sex, 16/11/18 - 02h00

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, anunciou mais um ministro de seu governo. À primeira vista, a indicação para o Ministério das Relações Exteriores pareceu auspiciosa, pois trata-se de um diplomata de carreira, e não de uma pessoa de fora desse ambiente.

O novo ministro, Ernesto Araújo, está há 29 anos no Itamaraty, onde dirige o Departamento de Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos. Isto, talvez, tenha sido um dos motivos para sua escolha, sinalizando um provável futuro alinhamento.

Apesar desse tempo, o indicado, que ainda é jovem, nunca desempenhou uma missão no exterior, o que pode significar que ele não tem a necessária experiência para ocupar tão importante cargo. Sua ascensão a embaixador tem apenas seis meses.

No entanto, o presidente eleito está bancando sua escolha, já que o futuro chanceler foi indicado por dois de seus filhos, que, por sua vez, ouviram a recomendação do filósofo Olavo de Carvalho. De certa forma, a indicação “quebra” a hierarquia no Itamaraty.

Simplificando, Araújo é bolsonarista de carteirinha, o que facilitou as coisas. Mantém um blog em que defende ideias exóticas, como a que a globalização é uma conspiração cultural marxista contra o cristianismo centrada na China maoísta-capitalista.

Como se vê, essas ideias impressionaram Bolsonaro, que poderá inaugurar uma política externa de viés ideológico de direita. Com sinal contrário, o petismo fez isso, comprometendo o Brasil com governos autoritários e corruptos na África e Américas.

Na concepção de Araújo, o alinhamento seria com os EUA, mais precisamente com o presidente Donald Trump, a quem ele considera salvador do Ocidente cristão. A decisão pode ter um custo econômico, na medida em que afasta o país de outros parceiros.

O Brasil se livrou dos preconceitos ideológicos de esquerda para cair nos de direita.

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