Editorial

Leia os editoriais diariamente de O TEMPO

Editorial

Retomada e incerteza

Publicado em: Sex, 25/09/20 - 03h00

A retomada das atividades produtivas no país começa a dar sinais positivos. Ontem, o Banco Central (BC) revisou sua projeção da queda do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano de 6,4% para 5% e ainda aumentou a previsão de crescimento da economia nacional no ano que vem de 3,2% para 3,9%. Um reflexo do crescimento do consumo e, principalmente, do pagamento do auxílio emergencial.

Contudo, junto com a mensagem de otimismo há o alerta sobre a incerteza do que virá quando informais, autônomos e outros grupos não assistidos pelos programas assistenciais regulares deixarem de receber o benefício no fim do ano.

Trata-se de um volume abissal de dinheiro do qual a economia brasileira está se tornando dependente. Somente entre abril e julho, ele representou uma injeção de R$ 37 bilhões por mês na economia – o equivalente a 12% da renda mensal do ano passado, segundo o órgão.

Só com a redução do pagamento para R$ 300, de acordo com cálculos da Fundação Getulio Vargas, 11 milhões de brasileiros voltarão a viver abaixo da linha de pobreza. Trata-se de um movimento que trará gravíssimos problemas sociais e  óbvia retração das compras – minando a recuperação dos pequenos negócios.

E já não dá para contar com capital internacional farto. Até janeiro, a queda do investimento direto estrangeiro foi de mais de US$ 15 bilhões, o maior tombo em mais de 40 anos.

Esses dados mostram que já passou da hora de implementar medidas de incentivo para que as  empresas nacionais possam avançar com as próprias pernas, como desburocratização, redução da carga tributária e acesso urgente ao crédito financeiro. Só assim se poderá garantir um crescimento sustentado para que o Brasil e os brasileiros não precisem depender de ajudas emergenciais.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.