EDITORIAL

Sindicatos e trabalho

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 25 de julho de 2016 | 03:00
 
 

Reportagens de O TEMPO da semana passada levantaram um assunto momentoso, negligenciado pelos principais interessados, os trabalhadores: a situação dos sindicatos no Brasil. O tema foi levantado pela reforma trabalhista que o governo quer fazer.

Naturalmente, os sindicatos são contra qualquer mudança, na presunção de que estão defendendo os trabalhadores. Na verdade, estão defendendo os interesses de seus dirigentes – uma elite que se apossou das organizações como meio de vida.

O Brasil tem 39 milhões de trabalhadores formais, isto é, com carteira assinada. Esse contingente é obrigado a pagar anualmente, em benefício das entidades, uma contribuição que corresponde a um dia de trabalho. Mas ele ainda faz outras contribuições.

Desse universo, apenas 5 milhões de trabalhadores são sindicalizados, isto é, pagam uma mensalidade de associado. Além disso, os sindicatos cobram dos trabalhadores uma taxa assistencial e tramita no Congresso mais uma contribuição, chamada negocial.

Tantas formas de arrecadação acabam gerando uma montanha de dinheiro para os sindicatos, as centrais e até para o governo. O montante ultrapassa R$ 2 bilhões anuais, de que as entidades não precisam prestar contas, a não ser a seus associados.

A situação é confortável, eximindo as organizações e seus dirigentes de servirem adequadamente a seus associados, já que seu financiamento é certo. Com esse encaixe, muitos sindicatos fazem política partidária, elegendo deputados e até presidentes.

Quando dirigente sindical, o ex-presidente Lula criticava a contribuição sindical. No governo, não só a manteve como a estendeu às centrais, corrompendo-as. Mais que pelos interesses dos trabalhadores, sua organização é incentivada pela contribuição.

No Brasil, há um sindicato para cada 463 trabalhadores filiados. Na Suécia, um para 57 mil. Lá, a contribuição sindical não existe.