O Brasil vem passando por um longo processo de depuração moral de que muitos brasileiros não estão se apercebendo, vendo a corrupção de nossos costumes como um fenômeno estático, como se estivéssemos condenados definitivamente a esse “estado de coisas”.
No entanto, os constantes escândalos que vimos assistindo são como um despertar de uma longa letargia, com a sociedade estupefata com a ousadia e a desfaçatez de alguns cidadãos até então tidos como pessoas respeitáveis e acima de quaisquer suspeitas dos demais.
Não é preciso ainda ir para as ruas manifestar indignação. Mas a sociedade extravasa, a todo instante, sua consciência crítica e o desconforto da situação, enquanto demonstra também sua confiança em algumas instituições que, bem ou mal, estão fazendo seu trabalho.
A imprensa ainda é a grande caixa de ressonância da sociedade. Ela vocaliza seu mal-estar quando fica sabendo que o candidato a presidente recebe auxílio-moradia sendo dono de imóvel e a deputada nomeada ministra do Trabalho responde a ações trabalhistas.
Graças à transparência, nada mais está passando despercebido da sociedade, que toma consciência de fatos até então considerados naturais e legais, quando não são, se olhados por uma (nova para nós) moral que não estamos acostumados a observar.
Os denunciados se defendem, dizendo que a imprensa (ou a sociedade?) está exagerando. Um político, presidente de partido, disse ontem neste jornal que, na geração dele, “era assim que se fazia política, com dinheiro, acertando compra de votos com prefeitos e vereadores”.
Os políticos estão na berlinda e não vão sair tão cedo. A política, a arte de fazer o bem comum, virou caso de polícia. Com tantas ocorrências, se acelerou a desmoralização de nossas elites dirigentes. A delinquência não é uma exclusividade das classes mais desfavorecidas.
É para crer que estamos num processo de reconstrução do Brasil.
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