O recente avanço do sarampo no país mostra que tão contagiosa quanto a doença é a desinformação. São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro têm surtos ativos do vírus. Em Minas Gerais, a situação é de atenção, com 51 casos em investigação e quatro confirmados desde o início do ano.
O Brasil já chegou a receber o certificado de erradicação do sarampo em 2016, mas o perdeu dois anos depois. Não se trata de uma tendência exclusiva. Em todo o mundo, a Organização Mundial da Saúde registrou um crescimento de 300% no registro de novas infecções no primeiro trimestre, com picos, inclusive, em países que tradicionalmente têm boa abrangência vacinal.
Um dos fatores responsáveis é que são necessárias duas inoculações para garantir a imunização. Se os 85% de cobertura atingidos na primeira dose estão abaixo da meta necessária para a erradicação do vírus (95%), na segunda, o índice de comparecimento cai para 63%. Para se ter uma ideia, em Minas Gerais, 5,5 milhões de pessoas só se vacinaram uma vez.
O desconhecimento vai além da importância desse fator. Em levantamento do Ministério da Saúde com 198 municípios que não atingiram a meta de imunização, 77% deles citaram o medo de que a vacina provoque doenças em quem a recebe, e 72% disseram que ela não protege contra o sarampo – ambas informações sem qualquer comprovação científica.
Um terceiro fator, ainda mais pernicioso, foi citado por uma em cada duas cidades: as fake news. Boatos e mentiras sobre os efeitos circulam com imensa rapidez nas redes sociais, afetando a confiança no serviço de imunização. Sobre um dos mais famosos, o de que a tríplice viral causaria autismo, já ficou provado que seu autor havia registrado a patente de uma medicação concorrente e era financiado por escritórios de advocacia que processavam os fabricantes da vacina.
No caso de dúvida, o médico deve ser consultado. Orientação profissional responsável, além de garantir a prevenção de doenças, é um santo remédio contra o vírus do desconhecimento.
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