EDITORIAL

Vitória de pirro

O regime de Nicolás Maduro celebrou como uma vitória o bloqueio da ajuda internacional articulada por vários países

Por Da Redação
Publicado em 26 de fevereiro de 2019 | 03:00
 
 

O regime de Nicolás Maduro celebrou como uma vitória o bloqueio da ajuda internacional articulada por vários países, inclusive o Brasil, à população da Venezuela, que vive a maior catástrofe econômica da América Latina.

Mantimentos e medicamentos continuam depositados em armazéns nas fronteiras de Brasil e Colômbia. Os caminhões que conseguiram atravessar os limites foram incendiados pelas forças de Maduro, e os produtos, destruídos.

A ajuda humanitária foi a estratégia utilizada por Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, que reivindica a Presidência da República, para desmoralizar Maduro diante de seu povo, que passa fome e falta de remédios.

A iniciativa fracassou, mas apenas em parte, porque Maduro, apesar do triunfo, ficou certamente desgastado no episódio, marcado por distúrbios, violência, deserções e mortes. A ONU condenou a reação do regime de Maduro.

A preocupação agora é com o que fazer, já que uma ação pacífica terminou em violência. Em 2014 e 2017, protestos também pacíficos contra o dirigente venezuelano causaram a morte de mais de cem pessoas dos dois lados.

Líderes da oposição mais radicais pedem uma intervenção militar estrangeira no país, mas isso é rejeitado tanto pela União Europeia quanto pelo Brasil. O vice-presidente Hamilton Mourão considera prioritário reduzir a tensão.

Maduro venceu o maior desafio ao seu poder graças à aliança que construiu nas Forças Armadas e com grupos paramilitares, que dão sustentação ao regime. Uma intervenção poderia encontrar resistência dessas forças.

Poderia também fazer os militares venezuelanos desertarem em massa, abrindo caminho para a instalação de um novo regime, com eleições livres e democráticas. O custo dessa operação é, no entanto, difícil de calcular.

O ideal é que os próprios venezuelanos encontrem um caminho para se libertar do regime. Uma hora a estratégia da oposição dará certo, mesmo porque ela conta com a colaboração do próprio ditador.