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A depressão na Geração Y

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 24 de maio de 2015 | 03:00
 
 

Estou tentando compreender o que se passa com uma geração tão promissora, mas que pouco tem acrescentado: a tão famosa “Geração Y”. Me deparei com mais uma pesquisa apontando características estranhas entre os nascidos entre 1978 e 1999, desta vez mostrando que 20% dos trabalhadores nessa faixa etária apresentam sintomas de depressão profunda no ambiente de trabalho, alto grau de absenteísmo, baixa produtividade, índice de alta rotatividade entre empregos e insatisfação constante com o salário ou com a baixa qualidade de vida nos ambientes laborativos – além de relatos de uso compulsivo e indiscriminado de aplicativos para smartphones, em especial o WhatsApp. Os empregadores ainda fazem queixas acerca dos altos níveis de ansiedade, irritação e mau humor e dos atrasos constantes desses profissionais. Chama atenção a dificuldade de interação social, isolamento e o precário nível de conhecimento geral.

O certo é que é baixo o índice de liderança nessa geração. Isso sem contar o excesso de individualismo, o egocentrismo e narcisismo, que levam a um estado de acomodação, ou certa preguiça. Muitos da geração Y ainda moram com os pais e avós e, às vezes, dependem financeiramente deles.

Desolador, ainda, é perceber o desalento com relação ao futuro. Na Europa, o índice de desemprego entre os jovens é desesperador. Já no Brasil, essa geração começa a ver o impacto das transformações econômicas e, segundo o IBGE, o aumento do desemprego aqui já é de quase 19% neste ano.

Tendo metade dos meus filhos nessa idade, não posso me queixar no geral. Todavia, acompanho questões que pesquisas não costumam contemplar como, por exemplo, o sono. Sempre que posso tento alertar sobre o tremendo impacto que noites mal dormidas causam no psiquismo humano, dando enfoque especial nas “baladas”. A inversão noite/ dia do sono responde por perda de 70% da capacidade de fixação de memória, diminuição da vitalidade, aumento da preguiça e irritabilidade, entre outros danos. É sabido que o desequilíbrio dos hormônios melatonina e cortisol, que regem o sono/ vigília, é um dos fatores que mais levam a transtornos de ansiedade e humor.
Se uma noite mal dormida já é desastrosa, imagine duas noites com “baladas” consecutivas? A inversão noite/ dia também vale para os que trocam de turno no serviço com trabalhos diurnos e noturnos; em especial os que atuam na área de saúde, policiais, trabalhadores de bares e restaurantes, vigias, porteiros, motoristas de ônibus e assim por diante. Estes, certamente, serão sérios candidatos a desenvolver um quadro de depressão grave.

Ressalto ainda a vida acelerada, hiperconectada. Aliás, os “filhos da tela”, os viciados em tecnologia, compulsivos, inquietos e dependentes de smartphones já são, por definição, portadores de transtornos de ansiedade.

O impacto social e econômico na saúde só será avaliado daqui a alguns anos, mas a geração Y, vem sendo menos feliz e bem sucedida que qualquer outra anterior. Isso é, de fato, um objeto de pesquisas.

Em suma, vale a máxima que diz que, apesar de todos os avanços tecnológicos, cafuné, ombro amigo, colo e carinho ainda são indispensáveis!