Eduardo Aquino

O adeus: a última coluna

Publicado em: Dom, 24/12/17 - 02h00

A beleza na natureza é que tudo é cíclico. Invernos, por mais rigorosos e frios, serão seguidos por primaveras. Noites, ainda que sombrias e tenebrosas, raiarão em dias plenos. Eis os milagres que andamos negligenciando. Tudo passa, renova, segue.

Centenas de semanas, milhares de e-mails elogiosos, críticos e raivosos, às vezes. Esta coluna cumpre a inexorável lei da natureza: completa seu ciclo.

Nasceu de um desejo, um sonho simples como seu meio: popularizar conceitos, falar de comportamentos cotidianos, relacionamentos interpessoais. Traduzir coisas não perceptíveis do cotidiano, avanços em neurociências por exemplo, para o cotidiano do leigo. Ser controverso, polêmico, pois a vida o é.

Gratificante, quando dava palestra nos rincões deste país e via pessoas que traziam “coleções” das colunas encadernadas e bem cuidadas.

Ou recebia e-mails de distantes cidades onde o conteúdo era debatido em escolas públicas. E leitores que viajavam para comprar seu exemplar na cidade vizinha.

É fácil e inócuo diagnosticar que o mundo está uma desgraça, tudo errado, corrupção corre solta, saúde está falida, educação um caos. Precisamos de quem proponha soluções, crie alternativas viáveis a esses problemas crônicos que dizimam gerações e destroem o futuro civilizatório. Foi com artigos neste espaço que pude ficar seis anos no Centro-Oeste com os projetos implantados: 1) Pró-cura: melhoria da atenção primária, humanização do atendimento em saúde básica, diminuição de custos e encaminhamentos para média e alta complexidades médicas. 2) Ecologia Humana nas escolas: melhora e prevenção da violência e problemas do comportamento e melhora da escolaridade nas comunidade escolares. 3) Reaprendendo a viver: abordagem multidisciplinar e efetiva para drogadidos graves.

Voltei a BH esperando fase mais tranquila, afinal diz o ditado indígena: “quando jovem, guerreiro, quando adulto, agricultor, e quando idade chega, sábio, que ensina jovens a guerrear, adultos a plantar”. E lá fui eu abrindo exceção aqui e ali e... quando percebi, estava começando a plantar e até guerrear. Lógico que me feri. Faltou sabedoria. Nada que uma cirurgia não resolva. E me recolher, agradecendo os que, mais que leitores, se tornaram amigos. Continuarei por aí, aprendendo e ensinando. Sempre. A todos minha gratidão, meu carinho, meu perdão por erros, falhas, imperfeições.

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