Eduardo Aquino

O indecifrável universo feminino

Publicado em: Dom, 18/03/18 - 03h00

Acaba de morrer um dos maiores físicos e astrônomos de todos os tempos, uma espécie de Isaac Newton da era moderna, o incrível Stephen Hawking, aquele cientista com sérias limitações que desafiou uma das doenças neurológicas mais desafiadoras e mortais, chamada ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica). Milagrosamente ele, viveu décadas encarcerado num corpo imóvel e habitando um mente que vagou por universos, viajou no tempo e nos desvendou mistérios incríveis da física. Bem-humorado, ainda casou duas vezes e teve filhos. Pode ser conhecido no premiado filme “Teoria do Tudo”. Mas nada supera seu comentário sutil ao ele ser perguntado sobre o que mais o intrigava entre tudo que estudara: “sem dúvida, o universo feminino!”

Quem somos nós, pobres machos normais, desprovidos de genialidade, para contestá-lo. Eu me pus a pensar nisso, pois, cada vez que tento abordar a incrível evolução – e revolução – feminina, que vem assolando a civilização nos últimos cem anos, termino num ponto de singularidade, à beira de um buraco negro, sendo sugado pela gravidade imbatível que o poder feminino emana. E sempre acordo ressaqueado, num universo paralelo, onde o eletromagnetismo das meninas me atrai para a tentativa vã de tentar decifrá-las.

Elogio seus avanços e ouço reclamações do peso de ser mulher. Valorizo a ousadia delas de saírem de casa e irem à caça, trabalhando fora, e vociferam sobre a sobrecarga das vidas materna, conjugal e administrativa. Ouço queixas do troglodismo dos homens, e reclamam que querem um deles para chamar de “seu”. Concordo com o discurso da igualdade de direitos, mas argumento que deveria haver também o de deveres e lamento nossa incompetência em menstruar, gestar, parir e amamentar. Pois nos é difícil entender as leis que regem o universo feminino, uma vez que não sentimos seus efeitos. É algo como se em nosso mundo a gravidade fosse diferente. Tudo parece mais leve, simples, desimportante. E, no universo delas, tudo pesado, lento, sobrecarregado, exaustivo.

Parece-me que o Big Bang até hoje ressoa na cabeça das mulheres, e suponho que isso as deixa mais nervosas, com cefaleia, pois ondas hormonais invadem sua atmosfera de paz e serenidade, como forças nucleares fortes, enquanto nós, homens, somos regidos por forças nucleares fracas.
O certo é que sou romântico, adoro elementos encantadores, mistérios e tenho o hábito de ser curioso, observador e eterno aprendiz. Cada vez mais E.T., acreditando em histórias de amor com final feliz. Há quem creia que consegui provar uma das mais interessantes teorias do Hawking: viagem no tempo! Pelo que tenho lido, estou preso no tempo do Iluminismo, na época vitoriana ou no mundo do faz de conta. Mas confesso: aqui é muito melhor do que aí, um filme de ficção a que assisto assombrado: máquinas imbecilizaram seres humanos elitizados, enquanto bilhões padecem na miséria, com a violência, escravos modernos da insensatez. Que as mulheres invadam o planeta e nos salvem. Mas, no que tange à revolução sexual feminina, desculpem-me: anda parecendo mais um cometa vindo velozmente em direção à Terra – eliminará dinossauros, mas destruirá toda a vida em torno.

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