EDUARDO AQUINO

Paixão não correspondida

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 08 de abril de 2018 | 03:00
 
 

Leio, num misto de curiosidade e alívio, que a famosa “paixão à primeira vista” seria um elemento evolutivo, quando dois indivíduos com elevado potencial imunológico estabelecem contato ferormônico que os atrai. Seria a tal da “química” inexplicável que galvaniza uma atração irresistível e inexplicável.

De acordo com o que leio, tal compatibilidade geraria uma prole mais resistente a bactérias, vírus e demais micro-organismos letais que habitam nosso planeta há bilhões de anos e, vira-e-mexe, matam-nos facilmente.

Fica a pergunta: quem tem mais direito à posse do planeta Terra? Mas essa é outra história.

Voltando ao tema, me dou conta daqueles casos maravilhosos, quase mágicos, que escutei a vida inteira: “Quando a vi, senti algo indescritível, e hoje, após 30 anos, sinto o mesmo – namorava para casar, até que surgiu beltrano numa festa. Ele apareceu e tremi toda, arrepiei e nunca mais nos separamos”.

Evidentemente, a tal paixão se fez amor eterno. Pena que seja uma minoria de casos, talvez por isso mesmo tão mágicos, mesmo que sempre existem trabalhos científicos para tentar dar uma racionalizada.

Imagina essa de compatibilidade imunológica? Penso nuns emojis em forma de glóbulos brancos soltando corações e fazendo carinhas de apaixonados ou anticorpos pulsando de felicidade e olhando de rabo de olho.

Mas é um consolo para todos que foram frustrados em relações que deram água, aos desiludidos e não correspondidos. É bom saber que, além da falta de charme, beleza, gostosura, conteúdo, forma ou carisma, podemos nos consolar com este achado: nossa imunologia era incompatível! Simples assim. Quem sabe até nas varas de família, em vez de litígio, possamos pedir um perfil sanguíneo de glóbulos brancos? Ou explicar o ciúme doentio por excesso de anticorpos? Seria o caso de acabar com terapia de casal e mandar todos para um hematologista ou alergista. Quantas vezes não escutamos por aí que o relacionamento é péssimo, mas tem a “questão de pele” que o mantém? Aí seria indicado um dermatologista, claro!

Mas, se tudo é questão de química, confesso que prefiro continuar com minhas paixões platônicas. São poéticas, harmônicas, íntimas, inspiradoras. Estão no meu dia a dia, e nem sabem nem desconfiam. Como sou autor, escrevo lindas histórias de amor.

Embora eu reconheça: ando com baixa resistência. E nem tenho mais meus pais para reclamar...