Eletronika

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DJ Anderson Noise comemora 18 anos de seu selo

Publicado em: Sáb, 22/04/17 - 04h10

Prestes a completar 30 anos de carreira, Anderson Noise tem energia de moleque. Esse mineiro de 48 anos, de coração amolecido pelo signo de câncer, tem uma coleção de feitos na carreira: foi um dos pioneiros da música eletrônica em Belo Horizonte; foi um dos primeiros DJs brasileiros a empreender uma sólida carreira no exterior; ao lado do maestro João Carlos Martins e Orquestra, ele apresentou um concerto de música clássica na Sala São Paulo; já lançou cerca de 250 músicas próprias; sua rádio online tem mais de 700 programas disponíveis para escuta; e seu selo, o Noise Music, está completando 18 anos de vida!

Ufa, é muita coisa! Agora a novidade mais recente é a parceria que Noise amarrou com Henrique Portugal e Lelo Zanetti, metade da banda Skank. O projeto se chama Niemeier e está na reta final da produção de um álbum.

Com tanta coisa na bagagem, nada melhor do que a gente aqui aproveitar essa oportunidade para entrevistar esse filho pródigo de BH, que à casa retornou alguns anos atrás, depois de morar em São Paulo. Vamos à entrevista.

O Noise Music está fazendo 18 anos. Qual é a prova de que ele atingiu a maioridade?

Acho que a maior prova é ouvir excelentes DJs ao redor do mundo tocando as músicas do Noise Music. Isso dá força para continuar acreditando no valor que nosso selo tem, com bons artistas e um público antenadíssimo nos nossos lançamentos. Mas a maior prova de todas foi a transição da era do vinil para a era do MP3 – sofremos muito para entender a melhor forma para trabalhar, mas estamos no caminho.

Você está com um projeto com o Henrique Portugual e Lelo Zanetti, do Skank. Conte um pouco sobre o conceito do Niemeier.

O Niemeier, nasceu de um convite vindo do Bruno Golgher, responsável pelo Savassi Festival, para que eu voltasse ao palco do festival com outra banda, pois em 2014 fiz um show com os dinamarqueses do Jakob Bro Trio, e muita gente curtiu. Aí pensei em chamar dois amigos muito próximos, com os quais sempre falei em fazer algo junto. Eu acreditava que conseguiríamos fazer uma bela apresentação. No processo de criação das músicas, começamos a entender que dali sairia um álbum. Depois que fizemos o show no Savassi Festival começamos a trabalhar para finalizar esse disco e já conseguimos três maravilhosas participações: Milton Nascimento, Ben Taylor (filho do James Taylor) e Sophie Hiller (backing vocal de Lady Gaga, Tom Jones, Carly Simon). Estamos nos detalhes finais da produção do nosso álbum.

Você é um dos principais DJs de techno do Brasil. Como você vê a cena eletrônica no país atualmente?

Nossa cena eletrônica brasileira nunca esteve tão grande e comercial, mas nosso querido techno anda muito bem, obrigado, cheio de bons produtores, festas underground incríveis nas principais capitais do país e noites excelentes nos melhores clubes. Vejo um culto ao vinil forte neste momento, mas são poucos os lugares em que temos uma boa estrutura para tocar bolachas. A música eletrônica brasileira nasceu com uma cultura que girava somente em torno dos DJs, mas de um tempo para cá isso virou, e hoje estamos com um volume maior de bons produtores, além dos DJs surpreendentes, como o Marky.

Há alguns anos você se mudou de SP de volta pra BH. O que mudou nesse período e como você se sente morando de novo “em casa”?

Na verdade eu juntei todos meus pertences aqui em BH, mas minha vida continua igual na capital paulista, pois sempre tive SP como minha casa por causa de todos amigos que conquistei no decorrer da vida, além de continuar tocando em vários lugares e manter minha residência mensal no Super After, no clube D-Edge. Belo Horizonte, para mim, não é só minha casa, é meu terreiro de criação e amor. A minha família foi o principal motivo para voltar, mas como organizei muito bem as coisas por aqui estou conseguindo produzir muito mais do que antes. A única coisa que não me agrada é a distância do nosso aeroporto.

Você tem quase 30 anos de carreira como DJ. Se pudesse dar apenas uma dica a um DJ iniciante qual seria?

Em fevereiro de 2018 comemoro meus 30 anos como DJ e posso dizer que estou muito feliz com tudo que conquistei e produzi nesses anos. Pra quem está começando, é bom pensar que tudo nesta vida é bom fazer e compartilhar com pessoas de que você gosta e em quem acredita. Que sempre você vai aprender com outros estilos musicais e que samplear é legal, mas criar seus sons é ainda melhor. E como sempre ouço do meu amigo João Carlos Martins: “a música venceu de novo”.

ANDERSON NOISE – PRÓXIMAS DATAS
6 Maio – 18 Years of Noise Music @ SuperAfter - D-Edge - São Paulo
13 Maio – 18 Years of Noise Music @ Deputamadre - Belo Horizonte

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