ELETRONIKA

WME 2017 mostrou que é possível técnica e programação 100% feminina

Redação O Tempo

Por Por Claudia Assef
Publicado em 25 de março de 2017 | 03:00
 
 
As cantoras do grupo Rimas & Melodias com as realizadoras do evento, Monique Dardenne e Claudia Assef Melissa Haidar

De cantoras a CEOs. De rappers a engenheiras de áudio. De roadies a DJs. Mais de 60 profissionais da indústria da música se reuniram nos dois dias e duas noites de atividades do Women’s Music Event (WME), série de painéis, workshops, festas e shows que aconteceram nos dias 17 (sexta) e 18 (sábado) de março, em São Paulo.

A parte diurna das atividades do WME 2017 aconteceu no Centro Cultural São Paulo. Ao longo dos dois dias foram 10 painéis de debates, 6 workshops e 3 shows. Entre os nomes que sentaram nas mesas de debate estiveram a cantora Marina Lima, que foi escolhida como madrinha do evento, artistas como Mahmundi, Negra Li, Karina Buhr e BadSista; executivas e empreendedoras como Fátima Pissarra (VEVO Brasil), Leca Guimarães (Lollapalooza), Fabiana Batistela (SIM SP/Inker) e Paola Wescher (Popload Festival); empresárias de artistas como Eliane Dias (Racionais MCs) e Daniela Rodrigues (Rashid), além de comunicadoras como Renata Simões, Gaia Passarelli, Debora Pill e Bia Granja.

Também houve espaço para workshops, que foram ministrados pelas mais gabaritadas profissionais da indústria da música no Brasil. A criadora da escola On Stage Lab Fabiana J. Lian falou sobre Tour Management com sua sala cheia, a fonoaudióloga e mestre em voz profissional Ana Terra deu um workshop sobre Preparação de Voz para cantoras e cantores, a DJ Lisa Bueno, dona da escola E-DJs, apresentou um workshop de Noções Básicas de Discotecagem; a produtora e DJ Érica Alves fez o workshop Synth Gênero, apresentando as muitas possibilidades desse instrumento; a criadora da SIM São Paulo, Fabiana Batistela, passou seus conhecimentos no workshop Comunicação Para os Dias de Hoje e a produtora cultural Inti Queiroz lotou a sala de gente interessada nas suas dicas valiosas no workshop Editais e Leis, Por Onde Eu Começo?.

Em meio à programação de painéis e workshops da sexta-feira (17), a cantora Tiê foi protagonista de um dos momentos mais emocionantes do WME. Ela fazia um pocket show fechado para participantes da conferência, acompanhada do músico André Whoong, quando sua filha mais nova, Amora, subiu ao palco e se deitou ao lado da mãe, enquanto ela cantava. Um momento delicado, único, que concretizou diante de todos a força da mulher, que precisa se destacar como profissional, mas não perde a ternura quando um filho preciso de colo.

Escolhida para ser a madrinha da primeira edição do WME, Marina Lima teve um painel inteiro dedicado à sua vida e obra. Por várias vezes, ela abriu confidências como o fato de ter recebido uma letra de música de Rita Lee por fax, propondo uma parceria. “Ela foi das primeiras artistas que abriu os braços pra mim, que me olhou e me enxergou como algo novo. Mas a letra por fax foi muito engraçado, não dava nem pra ler”, contou, rindo. Marina também falou da importância desse momento que a mulher atravessa, de empoderamento e colaboração coletiva. “O homem sempre foi competitivo com os outros homens. Já a mulher sempre rivalizou com outras mulheres, isso sempre foi muito ruim pra nós. Mas vejo que estamos dando um passo muito importante no sentido da colaboração”, disse.

A tarde do sábado (18) terminou com dois shows abertos à população: um show cheio de energia do grupo veterano de punk rock As Mercenárias, que comemora 35 anos de carreira em 2017, com direito a clássicos como Me Perco Nesse Tempo e Polícia, e uma apresentação épica do grupo vocal Rimas & Melodias, um dos nomes mais representativos da nova geração do rap brasileiro, que mostrou ali que tem um futuro brilhante pela frente, lotando a sala Adoniran Barbosa de fãs.

FESTAS NOTURNAS

Além das atividades diurnas, o WME teve duas noites de festas. A primeira, focada no universo da música eletrônica, levou um dream team com 8 DJs brasileiras à Casa 92, em Pinheiros, na sexta (17). No line-up, tinha desde veteranas da cena eletrônica, como Andrea Gram, Paula Chalup, Ana Flavia, Mari Rossi e Carol Campos, até nomes fresquíssimos como BadSister, representando a bass music, e Amanda Mussi, nome fortíssimo do techno de São Paulo, e a eclética Mari Mats.

No sábado (18), rolou a noite de encerramento do WME 2017 com cantoras e DJs brasileiras celebrando diversos estilos. A noite começou com DJ set de Sonia Abreu, pioneira da discotecagem nacional, na ativa há 52 anos. Depois, a cantora Drik Barbora mostrou seu show de rap acompanhada de uma backing vocal e de um DJ. A atração seguinte, Karina Buhr, não deixou pedra sobre pedra no palco do Espaço 555, com o show explosivo Selvática, acompanhada no palco por músicos como Edgard Scandurra. Em seguida, a DJ carioca Tata Ogan animou o público durante a transição de palco com suas brasilidades e beats grooveados, abrindo para a cantora sensação da nova música brasileira Ava Rocha, que comprovou que é uma diva do underground, com suas músicas que misturam brasilidades, candomblé, jazz e o que mais der na telha. Os visuais da noite ficaram por conta da VJ Elka Andrello.

Além das convidadas para falar nos painéis e workshops, toda a equipe técnica (de roadies a técnicas de PA, passando por fotógrafas e voluntárias) foi formada por mulheres. Talvez o primeiro evento do país com uma equipe 100% feminina. Por essas e por outras que eu falo e repito: o futuro é feminino. Que venha o WME 2018.