Seguimos longe do ideal...

Em apenas uma rodada da Superliga, ausência do desafio já é sentida

São anos seguidos sem o aparelho dentro de um torneio que se vangloria de ser um dos grandes do planeta

Por Daniel Ottoni
Publicado em 13 de novembro de 2019 | 14:14
 
 
A crediblidade do campeonato é afetada sem o aparelho; são poréns que insistem em aparecer e que contam com a conivência da CBV para seguir acontecendo Léo Fontes

A Superliga de vôlei mal começou e já tivemos vários lances para deixar claro como o desafio vai fazer falta. Se nos poucos jogos que acompanhei isso ficou evidente, imaginem no índice de falhas nas outras partidas. No primeiro set de Pacaembu Ribeirão Preto x Sada Cruzeiro, o time celeste foi prejudicado por uma bola dentro, marcada fora pela arbitragem.

Os paulistas foram beneficiados e saíram na frente. No duelo entre Flamengo x Itambé Minas, dois erros cruciais no terceiro set também foram vistos. O time rubro negro poderia ter levado a partida para o quarto set se não fosse a falha da árbitra. Em poucos segundos, a tecnologia resolveria o problema. É humanamente impossível os árbitros terem terem precisão nas suas marcações. Percebam nas 'matérias relacionadas' ao lado desde quando o assunto toma conta das discussões dentro do vôlei. 

Em jogos parelhos, independentemente da posição dos clubes na tabela, lances podem definir o resultado final e, até mesmo, a presença ou não na fase seguinte. A tecnologia é urgente e necessária, pra ontem. Esta não é a primeira nem a segunda vez que escrevo aqui sobre a importância do challenge e de como ele faz falta. Podem ter certeza que não será a última. Seguirei batendo nesta tecla! É algo inadmissível. Sua ausência é algo ultrapassado para quem quer dar um passo adiante. 

Nos últimos anos, vi poucos avanços dentro da Superliga, que chega em 2019 a sua 26ª edição. O mais importante deles segue sendo ignorado, mesmo com sua necessidade emergencial. No alto nível do vôlei mundial, o desafio é primordial. Dentro do Brasil, ele só aparece quando o Sada Cruzeiro, dono do equipamento, o empresta para a CBV. No planeta, creio que trata-se de uma situação pouco comum ao ver um clube ceder o aparelho para a entidade que deveria dar o exemplo. Não podemos 'encher a boca' para falar que a Superliga é um dos grandes campeonatos do mundo pelo 'simples' fato de que temos por aqui muitos jogadores de seleção. Isso não é suficiente.

É preciso ir além. A discussão sobre a importância do campeonato em âmbito internacional precisa ser mais ampla, fazendo parte do critério sua organização, planejamento e evolução. Faltando poucos dias para a Superliga começar, tivemos a desistência de última hora do Botafogo por motivos financeiros. Em seu lugar, a CBV permite a entrada do Caramuru (PR), equipe que ainda deve salários para os jogadores, situação de conhecimento público. O fair play que a entidade 'preza' foi simplesmente deixado de lado por uma manobra jurídica. 

Má impressão

A crediblidade do campeonato é afetada e quem acompanha o vôlei em outros países fica ciente de tudo que se passa. São poréns que insistem em aparecer, ano após ano, e que contam com a conivência da CBV para seguir acontecendo. Sinto falta de uma ação mais enérgica da CBV para buscar a solução para alguns problemas e o desafio é o maior deles. De 'longe', não vejo movimentação neste sentido.

Os clubes certamente vão reclamar quando os erros aparecerem e seria importante que eles se unissem para cobrar um avanço de quem é responsável por organizar o campeonato. A pressão pode surtir efeito, como aconteceu agora com a decisão da CBV em transmitir 100% dos jogos, uma demanda de anos que só agora foi corrigida, finalmente. 


Dependência

Como um clube, mesmo bem estruturado e com boa condição financeira, consegue adquirir não somente um como dois equipamentos, chegando na frente da entidade que deveria ser a responsável pela implementação em todos os jogos? Teremos o desafio apenas nos duelos do Sada Cruzeiro dentro de casa, algo que está longe de ser o ideal e nem merece comemoração. Nas semifinais, teremos a tecnologia, graças ao Cruzeiro que vai emprestá-la para a confederação, situação que foi vista com frequência nos últimos meses. 

Eu entendo a situação não muito favorável que a CBV vive. Ao mesmo tempo, creio que seria possível realizar o investimento neste tipo de aparelho, contando com a presença de parceiros comerciais. São anos seguidos com o desafio ausente e sempre fazendo falta em um torneio que se vangloria de ser um dos grandes do planeta, mas que segue não tendo um suporte básico dentro da realidade do vôlei atual.