A mais nova competição de carros elétricos tenta, em todos os sentidos que forem possíveis, dar o exemplo e fazer valer seu discurso de respeito ao meio ambiente por meio de baixa emissão de carbono e outras ações.
Prestes a dar sua largada em 2021, a Extreme E, competição off-road que vai passar por locais extremos do planeta - entre eles, o Brasil -, terá um navio de carga e grande porte como seu quartel-general. A competição, da qual a brasileira CBMM é parceira-fundadora, ainda vai passar por Arábia Saudita, Senegal, Groenlândia e Patagônia, terminando em dezembro de 2021.
Em todos os locais, a organização promete iniciativas de preservação e conscientização com a comunidade local. Em território nacional, o Estado do Pará terá o privilégio de receber os participantes. Equipes de nomes que são referência no automobilismo, como Nico Rosberg e Lewis Hamilton, estão confirmadas.
O Santa Helena vai abrigar todas as equipes, que vão rodar o mundo não somente em busca do título de campeã, mas também para fortalecer a ideia de sustentabilidade e combate às mudanças climáticas que afetam todo o planeta. O navio leva o nome de uma das ilha mais remotas do planeta, próxima à Cidade do Cabo, na África do Sul. Antes do aeroporto local ser foi construído, em 2016, a embarcação era a única ligação da ilha com o mundo exterior.
Um dos diferenciais será um laboratório à bordo para condução de pesquisas oceânicas e questões ambientais. "Este meio de transporte oferece um modo de deslocamento com menor emissão de carbono. Construir um navio do zero não seria prático e o mundo precisa lidar com a reforma dos navios existentes com inovações verdes. A Extreme E é mais do que uma série de corridas, é uma jornada global e nossa ligação com os oceanos forma uma grande parte do nosso ecossistema", explica a organização do evento, por meio de sua assessoria de imprensa.
A embarcação anterior, chamada de 'Royal Mail Ship St. Helena', de 30 anos de idade, foi totalmente transformada para se adaptar às necessidades do que o evento exige. As partes de engenharia e mecânica foram alteradas para garantir que suas emissões fossem as mais baixas possíveis.
O organizador do evento, Alejandro Agag, não consegue evitar a comparação do Santa Helena com o navio Calypso, do explorador francês Jacques-Yves Cousteau, um dos seus ídolos de infância.
"Quando eu era criança, foi quando meu amor pelo oceano começou. Eu assistia aos documentários de Cousteau, que mudaram minha percepção. Meu sonho é que o Santa Helena se torne o novo Calypso do século 21", conta Agag.
Mudanças intensas por mais de um ano
A lista de obras, que durou 18 meses no porto de Liverpool (ING), é extensa com 30 toneladas de estruturas de aço adicionadas para reparar danos e criar novos elementos, a exemplo do laboratório, localizado onde antes era uma piscina de 20 metros quadrados. Seus motores foram desmontados e todos os componentes foram renovados ou substituídos. As hélices também foram remodeladas para reduzir o atrito e melhorar a eficiência.
O interior do navio foi aprimorado com 4.000 novas lâmpadas de LED de baixa emissão substituindo a antiga iluminação. Há, também um novo sistema de aquecimento, ventilação e sistema de ar-condicionado. Foi usado o que há de mais moderno em tecnologia de navegação.
O navio tem capacidade para transportar até 90 contêineres, mas esse limite não deve ser exigido durante a temporada. O Santa Helena tem acomodações para 170 pessoas, restaurante para até 80 convidados, duas salas de estar e uma área de apresentação para até 80 pessoas.
Confira o calendário da Extreme E em 2021
20 e 21 de março - Deserto da Arábia Saudita
29 e 30 de maio - Senegal
28 e 29 de agosto - Groelândia
23 e 24 de outubro - Santarém, Pará
11 e 12 de dezembro - Tierra del Fuego, Argentina - Ushuaia
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