Esportivamente

Daniel Ottoni é repórter de esportes especializados do jornal O Tempo, do portal Super.FC e da rádio Super. Com experiência de cobertura em Copa do Mundo, Olimpíada e Mundiais de vôlei, tem uma predileção por bastidores e lado B. Por aqui, espaço para os esportes que têm uma religião chamada futebol como concorrente em muitos momentos.

Coluna Esportivamente

Racismo escancara 'pequenez' em menosprezar o outro por causa da sua cor

Publicado em: Qua, 20/11/19 - 18h19
Cubano naturalizado brasileiro Leal é um dos atletas mais incríveis que tive o prazer de ver jogar | Foto: Arquivo pessoal

Tento entender o que se passa na cabeça de uma pessoa que discrimina a outra pela cor da pele. Sem motivo algum, vemos hoje uma sequência de atos, dentro e fora do Brasil, motivados simplesmente por ser de uma raça diferente. Neste 20 de novembro, dia da Consciência Negra, propagam-se mensagens de apoio à esta luta, que precisa ser frequente durante todo o ano.

Mesmo com a data sendo única para simbolizar o embate pelo 'não ao racismo', vejo que esta luta tem ganhado força. Como formador de opinião, tento fazer minha parte, mesmo me sentindo um pequeno grão de areia dentro deste oceano de ódio e cegueira que invade nossa sociedade. Não quero aqui 'lacrar', mesmo sabendo que este texto pode ter pouca utilidade. O cerco se fecha cada vez mais para quem não reconhece o valor, a história, a força e a importância do povo negro há séculos. É preciso punir e expor os agressores para que eles e outros possam perceber a gravidade do que fizeram. Esta é parte importante do processo de igualdade. 

A hora de não ter pra onde correr chegará e minha torcida é para que fiquem tão perdidos que não saibam mais pra onde ir. Não terão outra alternativa a não ser aceitar e começar a reconhecer o mal que lhe passou e fizeram por tanto tempo. É ser pequeno demais querer menosprezar uma outra pessoa pela cor.

O ato de externar o pensamento para alguém que não lhe fez  nenhum mal é, ao mesmo tempo, corajoso o imbecil. É preciso coragem para demonstrar um sentimento tão retrógrafo que, certamente, vai lhe render julgamentos imediatos e longe de serem exagerados. Muito se pode perder ao insistir em reconhecer o valor do povo negro, mesmo com a demonstração de que estão dispostos a isso. 

Ter o pensamento por si só é algo estúpido. Abrir a boca para tentar minimizar o outro é pior ainda. Fique calado, é minha dica. Não deixe os outros terem a certeza de quem você é por causa disso. Tente disfaçar mesmo sabendo que, em muitas vezes, a máscara vai cair tão fácil quando o pensamento surge na sua mente. É triste e tão real ver isso em nossa sociedade. 

Será que todos estes que discriminam se recusam a bater palmas para Lucarellis, Wallaces, Leais, Lebrons, Hamiltons, Pelés, Garrinchas, Ronaldos e Rivaldos por causa da pele mais escura? É complicado entender como isso pode incomodar tanto. Difícil pedir para um ser como este se colocar no lugar do outro. A ideia que se passa é de um egoísmo profundo, daqueles de dar dó por não ter a capacidade de olhar de uma forma diferente para alguém tão igual. O que nos faz diferentes são nossos valores, nossas atitudes, nossa formação e caráter. 

Os racistas estão anos-luz atrás de quem consegue enxergar com outros olhos a presença dos negros em nossa sociedade. São tantos, vários e diversos que não há como negar sua presença. Por mais que insistam em rebaixá-los, seu lugar está garantido. A amargura deve bater quando o sucesso de quem é 'diferente' aparece. Melhorem, reflitam, revejam, repensam. Ainda há tempo para um outro tipo de olhar e pensamento, longe de um preconceito banal por um motivo raso.  

 

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