FERNANDO FABBRINI

Copo meio cheio

Apesar dos pessimistas

Por Da Redação
Publicado em 03 de junho de 2021 | 03:00
 
 

Reportagem da BBC informa que o Brasil foi o país da América Latina que mais reduziu a pobreza extrema durante a pandemia. O auxílio emergencial fez com que o índice caísse de 5,5% para 1,4% da população, baseando-se em dados da CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe. Informação importante e animadora, concordam? Pois é: foi solenemente ignorada pelos grandes veículos de comunicação do país.

São esses mesmos veículos os que escondem o número de recuperados da Covid. Dados recentes mostram que dos 171.520.500 de afetados no planeta 154.023.379 – perto de 90% - estão curados após internação ou pelo tratamento precoce, seguindo os protocolos médicos. Parece uma birra infantil, porém é apenas a velha e onipresente má-fé. Notícias não aparecem do nada na sua TV; algum ser humano pensante as seleciona, dá destaque ou as omite como bem entender.

É certo que a pandemia assusta, seja pela sua amplitude global ou pela compreensível insegurança da medicina, um tanto desorientada pelas variáveis de cada caso. Por outro lado, uma comparação com a gripe espanhola dá o que pensar. Estima-se que por conta desta morreram entre 50 e 100 milhões de pessoas, número vago pelas dificuldades de notificação e comunicação daquela época. Já o número de vítimas fatais da pandemia da Covid gira hoje em torno de 3,5 milhões em todo o mundo.

Posso estar enganado, mas percebo nas emissoras um discreto – porém inominável – interesse pelo aparecimento, fortalecimento e explosão da “variante indiana” e de outras mutações que tornariam as coisas piores no país. Tal possibilidade, caso viesse a suceder, daria combustível à oposição e aos grupos de inimigos que insistem em atribuir exclusivamente ao governo as causas e consequências da peste. Quem ainda não entendeu que a doença é universal, que não poupou nenhuma nação e que deixou todos os governos apavorados está vivendo em outra dimensão. Ou – pior – aproveita-se da comoção da pandemia para outros fins.

Um vídeo de uma atriz nas redes busca assinaturas para um pedido de impeachment do presidente, insistindo nas narrativas acima – culpa, má gestão, mortes que poderiam ter sido evitadas, etc. A proposta, que alega fins humanitários, não passa de oportunismo rasteiro, contaminado por outro vírus de nosso tempo, o da Síndrome de Rouanet.

Se você prefere achar que o copo está meio cheio, seguem boas notícias. As contas públicas tiveram superávit recorde de R$ 24,2 bilhões em abril, registrando saldo positivo pelo segundo mês seguido. As exportações de frutas brasileiras cresceram 21,3% de janeiro a maio deste ano. Ainda no primeiro trimestre, os registros de crimes e mortes violentas caíram 11%. Os Correios, sob nova administração, apresentaram o maior lucro dos últimos 10 anos, reduzindo R$ 400 milhões nas despesas de pessoal. Vale lembrar que os Correios estavam à beira da falência, mesmo na privilegiada posição de atividade sem concorrência. Imaginem, então, quando a estatal for totalmente privatizada? Chegamos aos 120.935 novos postos de trabalho – o 4° mês seguido de alta, com 1,38 milhão de admissões em todas as regiões brasileiras. O IBOVESPA superou os 128 mil pontos pela primeira vez, animado com o crescimento do PIB acima do previsto.

São fatos que mereciam manchetes em toda a mídia. Porém, sobra para esse modesto colunista de amenidades, que escreve por prazer e nem jornalista é, contar as boas novas. O pessimismo e a má vontade nunca levaram a nada e só servem para fazer tempestade nesse copo – meio cheio ou meio vazio, não importa – mas que saciará nossa sede de dias melhores.