Filosofadas

Carol Rache é escritora, empresária, praticante e instrutora de yoga

Ioga, a escola do futuro

Publicado em: Sex, 28/05/21 - 03h00
Você conhece alguém 100% zen? Conhece alguém que nunca surte e cuja estabilidade emocional possa ser comparada à de um buda? Conhece alguém que não tenha ainda experimentando ansiedade, insônia ou agitação mental? 
 
É pouco provável. A verdade é que nunca estivemos tão ansiosos, distraídos e desconectados. Os excessos de distrações sinalizam a falta de conexão com a nossa essência. E desse desequilíbrio nascem sintomas que, de tão comuns, começaram a ser considerados normais. Mas não são. 
 
Não é normal viver à beira de um ataque de nervos. Não é normal sentir ansiedade crônica. Não é normal ter reações emocionais exageradas.  
 
Esses desequilíbrios roubam nossa capacidade de atuar na vida e manifestar nossos potenciais. Afinal, nossos resultados, em qualquer área, dependem do saldo desta equação: performance = talentos – interferências. 
 
Quanto maiores forem nossas interferências, menos veremos nossos talentos impressos nas nossas performances. Se nossa mente vive agitada e se nossas emoções vivem bagunçadas, não é de se estranhar que nossas condutas estejam contaminadas pela desorganização no nosso universo interior. Por isso, muitas vezes, melhorar a performance tem mais a ver com reduzir as interferências do que aprimorar os talentos. 
 
Inteligência emocional é a habilidade do futuro. Num mundo onde as pessoas, além de desequilibradas, também escolhem ser alienadas, quem cultiva a saúde emocional ganha vantagem competitiva.
 
E o curioso é que a ferramenta mais eficiente para nos equilibrarmos diante do caos moderno é justamente uma prática milenar. 
 
Se a ioga por muito tempo foi tida como prática exclusiva de “tribos místicas”, cujos hábitos de vida se assemelhavam aos dos orientais, hoje foi democratizada e tem se mostrado eficiente para, literalmente, todo tipo de gente. 
 
O objetivo a ioga não é pregar um rótulo “zen” em ninguém, tampouco transformar os praticantes em monges. Ioga é simplesmente uma ferramenta através da qual pretende-se aquietar as flutuações da mente.  
 
A inquietação mental é o mal da vida moderna. De idosos a crianças, de executivos a atletas, de céticos a religiosos: estamos todos inundados em estímulos que nos atingem numa velocidade mais rápida do que conseguimos processar. Vivemos com pressa, com medo e com nervos à flor da pele. Nossa mente nunca precisou tanto de um respiro. 
 
E é justamente aí que mora a magia da ioga: no respiro. A respiração associada às posturas abre espaço – na mente, e no corpo. A prática é um compromisso com nosso íntimo, um momento sagrado de auto-observação. Todos os nossos desequilíbrios ficam mais evidentes quando estendemos o tapete. E a boa notícia é que cada melhoria conquistada no tapete nos prepara para viver melhor fora dele. 
 
Precisamos aposentar os conceitos pré-formados, que afastam essa prática das pessoas, e fazer com que todos se sintam à vontade para praticar ioga e continuar sendo quem são. Porque, em última instância, o objetivo da ioga não é doutrinar, mas libertar. 
 
As mudanças advindas da ioga devem ser aquelas que nos aproximam da nossa essência e, naturalmente, nos poupam do peso dos nossos excessos, e não aquelas praticadas para nos fazer pertencer a nenhuma tribo. 
 
Ioga é um caminho de cura, de liberdade e um encontro com a nossa verdade. É um presente que você se oferece para conseguir se organizar por dentro. É um processo de autoinvestigação e um caminho de libertação. 
 
Se inteligência emocional é a habilidade do futuro, a ioga é a escola. E as matrículas estão sempre abertas para quem escolher se equilibrar.

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