FLÁVIA DENISE

A beleza de Mondrian

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2016 | 03:00
 
 

Linhas negras. Blocos em azul, vermelho, amarelo e cinza. Muito espaço em branco. Descrever os quadros mais emblemáticos do pintor holandês Piet Mondrian é enganar o leitor. Não há como explicar a imensidão do sentimento que se desenterra ao se ver um plano branco no centro de uma tela desaparecer perante os detalhes de cor no seu entorno.

Ver os quadros de Mondrian ao vivo também é, de certa forma, ser enganado. A simplicidade de suas formas esconde a ousadia de suas ideias. Numa época em que belas paisagens ainda eram a regra (apesar de já haver outras transgressões), um grupo de holandeses decidiu desenhar o futuro como o enxergavam ser possível. Agora, cem anos depois, estamos aqui, no futuro, e as criações de Mondrian e dos outros membros do neoplasticismo nos parecem óbvias em sua simplicidade. Adivinharam bem demais.

Ou melhor, não adivinharam nada. O que esse grupo de artistas fez foi ajudar a conceber o futuro como o conhecemos com a revista “De Stijl” (“O Estilo”). Da cozinha modular ao color blocking, do design à decoração de interiores, da pixel art ao Tetris, há pouco na estética atual que não tira inspiração dos traços e blocos desses vanguardistas.

A criação do grupo é uma dessas coisas que devem ser vistas ao menos uma vez na vida – de preferência três ou vinte ou mais. Felizmente para os belo-horizontinos, os neoplasticistas vieram nos visitar. O CCBB-BH trouxe nada menos do que cem obras do grupo, 30 assinadas por seu membro mais ilustre, Mondrian, para a apreciação da cidade até o fim de setembro. E sob a curadoria de Pieter Tjabbes, Benno Tempel e Hans Janssen, a exposição é uma aula daquelas que o colégio raramente consegue dar: elucidativa e prazerosa. Além das obras originais, há documentários, explicações para encher a mais curiosa das mentes, brinquedos de montar e mais.

Se você tem se encontrado com a cabeça vazia de ideias e está precisando encontrar um arroubo de criatividade e energia para conseguir continuar vivendo dia após dia, sugiro a visita. Entre as linhas negras de Mondrian, há muito mais do que planos brancos. Há espaços onde é possível se enxergar com um novo enquadramento.