Livros nacionais

Mais um ano aproxima-se do fim. E, com ele, chegam celebrações, sempre recheadas de comidinhas típicas do mês de dezembro (nem ouso citar quais, cada família tem as suas e as defende ardentemente), servidas logo antes da aguardada troca de presentes. Para quem está na dúvida sobre o que comprar, deixo aqui uma lista de sugestões. Tem romance, poesia, coleção de correspondência e quadrinhos. E, o mais importante, são todos nacionais.

Começando com Milton Hatoum, autor de “Relato de um Certo Oriente” e “Dois Irmãos”. Ele lançou recentemente o livro “A Noite da Espera” (Companhia das Letras), a estreia da trilogia “O Lugar mais Sombrio” e o primeiro romance de Hatoum desde “Órfãos do Eldorado” (2008). A trama gira em torno de Martim, um jovem paulista que muda-se para uma Brasília dos anos 60 com seu pai. É na cidade recém-inaugurada que ele amadurece, graças à vivência com amores e amigos, além de viver um despertar político.

Para quem prefere a poesia ao romance, duas dicas. A primeira está relacionada à Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). A edição de 2018 do evento homenageará a autora paulista Hilda Hilst (1930-2004), anunciou a curadora Joselia Aguiar na última semana. O familiar entusiasta do evento pode preparar-se para o encontro com “Da Poesia” (Companhia das Letras), que reúne toda a produção poética da autora. O tomo com a prosa da escritora ficou para 2018.

A segunda dica da seara da poesia é produto local: “Como se Fosse a Casa (Uma Correspondência)” (Relicário). A obra de Ana Martins Marques e Eduardo Jorge nasceu de um encontro remoto. O poeta viajou e alugou seu apartamento para a poeta. Ao longo dos meses, a correspondência entre locador e locatária transformou-se numa troca de versos, que foram reunidos em livro.

Se a temática das cartas agrada, outra boa opção é “Cartas Brasileiras” (Companhia das Letras), organizada por Sérgio Rodrigues. A publicação faz parte da coleção do sucesso mundial “Cartas Extraordinárias”, que reúne textos como o bilhete suicida de Virginia Woolf, uma carta enviada por um Fidel Castro de 14 anos ao presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt e uma súplica de Gandhi a Hitler.

Já no volume brasileiro, a coletânea de 80 mensagens foram enviadas ou recebidas por gente como Elis Regina, Santos Dumont e dom Pedro I.

Por fim, se o universo dos quadrinhos atrai mais o leitor a ser presenteado, a minha sugestão é “Angola Janga” (Veneta). Fruto de 11 anos de pesquisas de Marcelo D’Salete, o livro de 432 páginas narra a história de Palmares, o maior quilombo brasileiro, emblemático da resistência contra a escravidão no país. A obra é um épico com batalhas sangrentas, que narra a constante luta vivida pelo povo liderado por Zumbi.

Agora, se nenhum desses livros parece ser um bom presente para você, só existe uma solução: vá à livraria. Esses leitores-livreiros que passam a vida em meio a lançamentos e conversando sobre livros são excelentes fontes de dicas. É só passar lá.