FLEXIBILIDADE NO TRABALHO

Como você enxerga o futuro dos espaços de trabalho?

Segundo o estudo do World Economic Forum, em média, 44% dos trabalhadores estão aptos a trabalhar remotamente durante a crise da Covid-19

Por Roberta Vasconcellos
Publicado em 24 de outubro de 2020 | 03:00
 
 

Como você enxerga o futuro dos espaços de trabalho? Eventos inesperados como a pandemia fazem com que a volatilidade, a incerteza, a complexidade e a ambiguidade do mercado se tornem ainda mais evidentes.

O relatório Future of Jobs, do World Economic Forum, de outubro de 2020, por exemplo, buscou mapear os empregos e as habilidades do futuro, acompanhando o acelerado ritmo das mudanças.

De fato, há uma unanimidade em relação ao avanço das novas tecnologias e, em especial, do trabalho remoto, o que aumentou as possibilidades e as oportunidades para além do escritório tradicional.

Segundo o estudo do World Economic Forum, em média, 44% dos trabalhadores estão aptos a trabalhar remotamente durante a crise da Covid-19. Dentro desse contexto, grande parte dos colaboradores está trabalhando no modelo home office de forma integral.

As vantagens são óbvias e inegáveis. Ao mesmo tempo, os novos trabalhadores remotos estão sendo confrontados com diversos desafios, sobretudo aqueles inerentes ao bem-estar e à saúde mental, por conta das mudanças abruptas nas práticas do dia a dia do trabalho.

Com isso, surgem algumas dúvidas: qual é o espaço de trabalho ideal para as pessoas? Será que o home office, por si só, é sustentável? E como ficam o escritório tradicional e as outras opções de ambientes como os coworkings?

São essas questões que vamos debater neste artigo!

Novos caminhos para o mundo pós-pandemia

A pesquisa do World Economic Forum apontou três caminhos para este momento que estamos vivendo:

1. “A mudança para o trabalho remoto está ocorrendo durante um período de estresse e preocupação causados ​​pela Covid-19;

2. Aqueles que cuidam de crianças pequenas enfrentam pressões adicionais — como a necessidade de assumir mais trabalho de assistência não remunerado devido à intermitência das escolas;

3. Enquanto empresas com trabalho remoto estabelecido estão acostumadas a manter um senso de colaboração e garantir um fluxo de comunicação, as novas empresas remotas ainda estão estabelecendo essas formas de comunicação e coordenação no novo mundo pós-pandêmico do trabalho”.

Por essas questões, a conclusão que chegamos é de que o home office é bom, mas ele por si só não é sustentável. Além desses desafios já citados, vale lembrar que somos seres sociáveis e precisamos de interação para criar, produzir e inovar.

Então, à medida que os movimentos de volta ao escritório acontecem gradualmente, surge uma espécie de “novo trabalho remoto”, que é o modelo distribuído e híbrido. Entre as vantagens desse novo formato de trabalho, acredito que a principal é garantir o bem-estar dos colaboradores.

Para dar um exemplo na prática, com a possibilidade da escolha do espaço de trabalho, em uma mesma semana os profissionais poderão:

  • Fazer home office na segunda-feira, quando precisarem dar mais atenção à família e aos projetos pessoais;
  • Ir dia na sede da empresa na terça e na quarta para rever os colegas e fortalecer a cultura da empresa e o senso de equipe;
  • Ir ao coworking na quinta e na sexta para buscar um ambiente perto de casa que é projetado para o trabalho, a fim de fazer novas conexões e se abrir a novidades, o que é essencial para a criatividade.

O futuro do trabalho é híbrido e distribuído

Com todos os últimos acontecimentos, tudo leva a crer que o mundo caminha para um futuro híbrido e distribuído, no qual as pessoas poderão escolher quando e onde trabalhar.

O trabalho medido em horas passa a perder força, enquanto o foco em resultados tende a prevalecer. Idealmente, grande parte da força de trabalho terá o melhor dos dois mundos: a estrutura e a sociabilidade dos coworkings e dos escritórios tradicionais de um lado e a independência e a flexibilidade do home office do outro.

Enxergo, de modo especial, que as empresas híbridas podem aproveitar algumas reuniões e colaborações presencialmente e deixar algumas tarefas que exigem mais criatividade e foco para serem realizadas à distância.

Com certeza, você viu muitas empresas anunciando que permitirão que seus funcionários trabalhem de maneira flexível. Há algumas companhias, por exemplo, que estão propondo coisas muito interessantes.

A Kissflow, empresa de serviços digitais para locais de trabalho com sede na Índia e nos Estados Unidos, por exemplo, abraçou um modelo de trabalho denominado REMOTE +. Esse formato inclui três semanas de trabalho em qualquer lugar (o anywhere office) e uma semana no escritório.

No BeerOrCoffee (plataforma de espaços de coworking que fundei há cinco anos), somos totalmente remotos desde 2015, ou seja, apostamos nesse modelo distribuído como o melhor formato de trabalho para os nossos colaboradores.

Para Nicholas Bloom, professor de economia da Universidade de Stanford com experiência em trabalho remoto, à medida que a pandemia desacelera, o ideal será trabalhar de casa dois dias por semana, a fim de equilibrar trabalho focado e colaborativo.

Além de concordar com o professor, acredito que o poder de escolha será a tônica do futuro dos espaços de trabalho. Afinal, devemos caminhar para um mercado e um mundo mais flexível, com menos estresse e depressão, e com mais bem-estar e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Você concorda?

Roberta Vasconcellos é uma das empreendedoras mais conhecidas do ecossistema de startups. É publicitária, Forbes 30 under 30, Global Shaper, embaixadora do Crie O Impossível, além de cofundadora e CEO do BeerOrCoffee, a maior plataforma de coworkings do país.