GILDA DE CASTRO

Vulnerabilidade dos cidadãos em qualquer espaço

Estado é aparelhado por quadrilhas, apesar da miséria ao redor

Por Da Redação
Publicado em 22 de setembro de 2018 | 03:00
 
 

Os pensadores tentaram sempre explicar a perversidade humana, pois ela se manifesta, em todos os grupos sociais, como opressão, assassinato e humilhação, afetando os mais frágeis material, física ou emocionalmente. Não existe perfil fixo de quem pratica a vilania, pois os agentes usam várias técnicas para ferir ou destruir o outro, satisfazendo desejos inconfessáveis ou eliminando obstáculos para alcançar seus objetivos. Isso gera sofrimento às vítimas, especialmente quando os atingidos ou seus familiares sentem-se lesados porque o malfeitor ficou impune e no gozo de privilégios obtidos ilicitamente. Nesses casos, os cristãos confiam que Deus agirá com sabedoria infinita, para que a justiça prevaleça em favor dos mais fracos.

Admitindo que a perversidade existe em qualquer lugar, as sociedades criaram um sistema de repressão para inibir atitudes nocivas e exigir dos autores reparação aos indivíduos ou às populações. Há também a defesa de categorias vulneráveis, como as crianças, as mulheres, os enfermos e os idosos, criando barreiras a intervenções alienígenas que possam desterrar os nativos ou comprometer a ordem social. Experiências milenares têm levado, portanto, à estruturação do Estado para manter a harmonia interna e cristalizar a unidade política sediada em área definida como território de uma nação. Ele tem legitimidade para punir os transgressores das normas indispensáveis à proteção dos cidadãos e preservação da sociedade.

Esse aparato transformou-se, diversas vezes, em máquina de guerra para reprimir segmentos contrários ao poder central ou expropriar território e riquezas de outros grupos étnicos. O desenvolvimento tecnológico fomentou essa ambição, pontilhando de miséria, dor e morte a história da humanidade, mesmo diante de teorias sobre a relevância da fraternidade universal. Prevaleceram, então, instrumentos com táticas para massacrar povos mais vulneráveis, promover a espoliação econômica, sufocar movimentos libertários e construir impérios em diferentes continentes. A situação torna-se mais dolorosa quando o alvo é integrante da mesma comunidade, pois os indivíduos não recebem apoio sistemático de seu próprio Estado, que prefere refrear contestações ao regime vigente. Por muitas vezes, ele confiscou bens e massacrou minorias sociais, como ocorreu em muitos países, desde a Antiguidade.

O Brasil já viveu dolorosamente essas experiências, mas os conflitos aumentaram bastante com a crise econômica e o acirramento das divergências político-ideológicas. As lideranças estão insuflando os ânimos, porque têm interesses escusos e empregam vergonhosas artimanhas para atingir o poder. Recorrem, por exemplo, a propostas demagógicas prejudiciais à coletividade. Fica evidente que o Estado está aparelhado por quadrilhas que preservam uma política primitiva, apesar da miséria ao redor e do subdesenvolvimento cada vez mais profundo. Tudo isso nubla nosso horizonte e nos joga no abismo.