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Aécio, Marina ou 1º turno?

Publicado em: Sáb, 04/10/14 - 03h30

Imponderável. Este é o cenário que predomina neste último dia antes do primeiro turno das eleições de 2014. Em uma disputa em que quase tudo aconteceu, a recuperação do senador Aécio Neves para o patamar que tinha antes da morte de Eduardo Campos confunde a cabeça de quem já tinha o voto definido. Mas a movimentação de “indecisos” atinge, principalmente, aqueles que, antes da tragédia, votaria mesmo no candidato mineiro.

Ou seja, o voto que era de Aécio em julho e que ele viu escapar com o episódio de 13 de agosto está voltando ou já voltou para o ninho tucano. Porém, levando em conta a votação de Marina nas eleições de 2010 mais a herança deixada por Campos, ela ainda teria uma “gordura” de três a cinco pontos que a garantiria na disputa com a petista.

Então é chegado o “Dia D”. Além dessa dúvida de quem entre Aécio e Dilma permanecerá na disputa, outra incerteza ronda as cabeças do eleitorado e das equipes de campanha.

Com a perda de fôlego de Marina e a migração de votos, não necessariamente para Aécio, a hipótese que Dilma Rousseff possa liquidar a fatura amanhã também ganha força. É das três possibilidades a mais improvável, mas, novamente, o irrevelável pode mostrar a sua face.
Pelos últimos levantamentos de Datafolha, Ibope e outros institutos, imaginando que a famigerada margem de erro possibilite cada instituto trabalhar interesses e estratégias ruidosamente subjetivos, Dilma chega, em alguns casos, a 47% ou mais dos votos úteis. Assim, sendo, precisaria contar com muito pouco para alcançar os 50% mais um.

Porém, fazendo comparações entre as pesquisas atuais com as eleições anteriores e aplicando aqui os mesmos desvios registrados há quatro anos, mesmo que seja um exercício de futurologia, pode se trabalhar com a hipótese de que, ao final da contagem de votos, às 17 horas deste domingo, a candidata do PT tenha um desempenho menor do que se espera, não ultrapassando 43% dos votos válidos.

Já Marina, pelos mesmos critérios, subiria mais dois pontos percentuais, chegando até 29%. Já o candidato tucano, caso repita a performance registrada por José Serra, também cresceria dois pontos percentuais, mas ainda assim ficaria com menos votos que a representante do PSB (algo perto de 26%). Esse finalzinho de corrida presidencial será o mais confuso, delirante, emocionante e imprevisível de toda história das eleições no Brasil.

Os mais lúcidos dentro do PT já imaginam um segundo turno difícil seja qual for o adversário. Não terá moleza com Aécio nem com Marina. Caso não seja possível liquidar a fatura, a corrente majoritária acha melhor enfrentar o tucano, pois o PSDB seria um “adversário conhecido”. Já os que preferem Marina, em menor número, argumentam que a onda da virada imposta pelo senador poderia se estender e contagiar o eleitorado da acreana, que, por vocação, depositaria a confiança em Dilma, mas que, devido aos ataques desferidos contra a ex-ministra do Meio Ambiente, já estariam se esvaindo.

De qualquer forma, se não acabar amanhã, no mesmo dia terá início uma nova e eletrizante eleição, cujo placar estará novamente zerado, se, somente se, as ditas “oposições” conseguirem se unir.

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