Um dia para ficar na história. O Brasil x Chile de hoje, pelas oitavas de final da Copa do Mundo, mais do que um duelo de futebol, chega como prova de fogo para a competição e para o país.
Até agora, a Copa surpreendeu positivamente. Os aeroportos estão funcionando melhor do que a encomenda, os estádios estão bonitos, e os gringos, ao que parece, estão maravilhados pela alegria e pela folia que estão encontrando.
Tirando um incidente ou outro, pode-se concordar mesmo que estamos oferecendo uma das melhores Copas que o mundo já viu.
Quem antes não estava botando fé na competição está tendo que se render à qualidade dos confrontos e às surpresas dos placares. São obrigados a assumir que, pela dimensão do evento, a Copa vai muito bem.
As eliminações de Espanha, Portugal, Itália e Inglaterra, somadas à ascendência de americanos e africanos, chegam a contagiar, provocando também um clima de disputa entre PIBs por meio do qual os mais pobres acabam sendo, pelo menos no futebol, os favorecidos.
A partir do jogo de hoje, a história muda ou pode mudar. Teremos outras três “finais” pelo caminho até o dia 13 de julho, mas, hoje, no Mineirão, o que está em jogo é mais do que uma partida hiperdecisiva.
O Brasil, que já está quase parado desde o início da competição, deve parar de vez, depois de amanhã, para o bem ou para o mal.
A linha divisória é bem nítida. Perder hoje é diferente de perder nas quartas ou nas semi. Dependendo do resultado, o país vai estourar de alegria, o verde e o amarelo vão contagiar ainda mais, e as manifestações pelas justas causas do meio do ano passado acabarão de acabar.
Se o resultado for adverso, muitos dos pessimistas, que estão dando seus gritos às escondidas, voltarão a se revelar. O clima ficará diferente, e voltaremos à rotina com antecedência.
A impressão de que a Copa está valendo a pena, já cristalizada entre caciques governamentais, pode se transformar radicalmente. Portanto, Felipão e seus atletas têm muito mais a perder do que o jogo. Está sobre eles um peso incalculável, como se não bastassem os milhares de torcedores no estádio e de frente aos televisores.
O Brasil, que aprendeu a gostar da Copa, pode voltar a detestá-la. É pouco provável que voltemos a ter grandes concentrações em protestos, mas, eliminados, estará em prova o mau humor, com os outros fazendo festa em nosso quintal.
Até aqui, o bom humor predominou. Para Minas Gerais, que definirá o rumo do país em outubro, é uma espécie de prova dos nove, bem mais importante que no outro jogo que ocorrerá aqui, em 8 de julho, se tudo der certo.
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