HERON GUIMARÃES

Onde vamos parar?

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2015 | 03:30
 
 

Em qualquer reunião que se faça com pessoas do alto escalão do governo de Fernando Pimentel, percebe-se certo atordoamento diante do caótico quadro administrativo-financeiro de Minas Gerais. O mesmo deve estar acontecendo com dirigentes públicos de todos os rincões do Brasil.

Associada ao bombardeio de notícias ruins que não param de chegar de Brasília, a situação por aqui é de assustar.

O Estado não sabe ao certo o que tem para pagar e como conseguirá arcar com todos os compromissos. O número de servidores estaduais, em torno de 400 mil, aponta para uma desorganização que vem de muitos anos, mas que, agora, com os cofres zerados, irá se transformar em tormentas piores.

Para ilustrar o caos é só imaginar que cerca de 4.000 lotados na Secretaria de Educação têm acesso à folha de pagamento e, por meio dessa “liberação”, conseguem alterar o custo da folha. Isso faz com que o custo para pagar o pessoal apresente valores diferentes a cada mês.

Também assim se encontra o sistema prisional. Seriam 66 mil detentos, mas o número não pode ser confirmado. Atua-se apenas com base em “quentinhas” vendidas. O 13º e os salários dessa massa de funcionários estão, aparentemente, garantidos, mas só porque a primeira parcela dos depósitos judiciais autorizados pela União foi liberada.

Fica difícil para qualquer governante planejar um futuro nessas condições, ainda mais em um momento em que investigações policiais e judiciais colocam todos contra a parede. Com isso, as obras apresentadas no fim do ano passado estão cada vez mais distantes da realidade.

A população pode esquecer o metrô, o Rodoanel e a tão esperada reforma do Anel Rodoviário. O governo estadual, assim como as principais prefeituras de Minas, só vislumbra uma solução em curto prazo: aumento de impostos. Aliás, alguns municípios já começam a tomar iniciativas amargas.

Mas nada vai mudar sem uma drástica ruptura em Brasília. Dilma tenta desesperadamente aumentar a carga tributária, mas enfrenta a rebeldia do Congresso e a covardia do partido que a elegeu.

Até Lula vai de encontro ao plano de ajustes da equipe econômica. Já a falta de jeito de Joaquim Levy piora as coisas.

Em duas semanas, o fôlego obtido por Dilma Rousseff por meio de um ensaio de estratégia política já se foi. O isolamento da presidente está gritando, e o quadro geral tende a piorar.

Onde vamos parar? É a pergunta que a sociedade e os próprios governos fazem. Ninguém sabe responder, ainda mais com o dólar encostando nos R$ 4.

Ainda é possível apostar em uma reversão pró-Dilma? Levando-se em conta a sua história de vida, seguramente que sim. Mas está chegando o momento da “hora H”. Oposição e situação devem decidir. Sangrar a presidente a cada dia estenderá o martírio de todos. É preciso encontrar algum vento que nos tire deste mar morto. Ou dão a ela as condições necessárias para administrar, sem maiores demagogias, ou a tirem do cargo quanto antes, mesmo que seja por meio de uma renúncia previamente arranjada. A imprevisibilidade é enorme, mas não dá mais para evitar os riscos. Minas e o resto do país aguardam por isso.