JOÃO GUALBERTO JR.

A urgência do dono do Brasil

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 12 de dezembro de 2016 | 03:00
 
 

O governo golpista de Temer foi empossado para ser curto. Sob qualquer hipótese, não passaria de dois anos e quatro meses, a contar da data do impeachment, porque foi ascendido para fazer o mau serviço, que não rende voto e não sobrevive a eleição. Mesmo se desse certo, daria errado,errado para o conjunto da sociedade.

Mas nem o resultado de maldades se viu, nem se vislumbra. Veja só, que surpresa! Como se ninguém tivesse avisado: no que pode dar um governo que não tem nada? Sem voto, sem legitimidade, sem chefe, sem líder, sem moral, sem idoneidade. E sem política, porque tesourada, austeridade, não é política pública de efeito positivo, ou seja, não se cava um buraco para cima.

Isso dito, a queda dessa gestãozinha, de possibilidade remota, tornou-se iminente. Ruiu-se ou, como se diz nos bastidores, perdeu o cheiro de poder e, com ele, vão-se os satélites atraídos naturalmente pela força magnética governamental. Os partidos, mesmo os que ocupam ministérios, já escalaram seus planos B ou C. Questão de tempo.

Se menos tempo já teria e sem saber, ao certo, em quanto ele será abreviado, o que faz o staff de Temer? Corre. Atolado nas delações da Odebrecht, patinando na recessão, contra a qual nada oferece de remédio, e impopular até o osso (o povo já leu isso, vide a Datafolha), Temer sente a corda no pescoço, da mesma que colocou na cabeça de chapa com a qual foi eleito. Ele e os dele também sabem que urge aproveitar o fiapo que restou do capital legado pelo clima nacional anti-PT. Têm que correr. E por que correm? Para, aprovando maldades com presteza, como é recomendado a injeções e extrações dentárias, conseguirem se segurar até 2018.

O episódio STF vs. Renan foi prova cabal desse movimento. O presidente do Senado foi mantido na cadeira e apeado da linha sucessória presidencial por ser réu (mais um enjambre constitucional). Renan deu provas de que é poderoso? Sim, mas tem poder enquanto é útil. Temer, que intermediou a crise em benefício de um acordão em panos quentes, deu provas de seu poder? Sim, mas só enquanto é útil. O que se viu foi uma concertação entre os três Poderes que leva a duas leituras: primeiro, mostrou o quanto o STF é uma Corte política, que interpreta a lei conforme seu interesse institucional, e, segundo, que o Brasil tem dono.

O dono do Brasil tirou Dilma, que teve poder enquanto foi útil, e empossou Temer, preservou Renan e deu uma enquadrada no Supremo porque quer ver aprovadas a PEC do Teto, ou PEC do Fim do Mundo, e a reforma da Previdência. O dono do Brasil quer um Estado barato para pagar menos impostos. E, sacramentadas as maldades, em razão da vindoura inviabilidade fiscal do Estado, o dono do Brasil quer lucrar ofertando serviços que encampará após o colapso do setor público.

Temer, que não governa, mas é governado pelo dono do Brasil, corre para viabilizar PECs que atentam contra direitos humanos, segundo a ONU. Mas o governo golpista, indiferente às Nações Unidas e ao eleitorado, só está no poder enquanto é útil instrumento de vilanias. Tornando-se um fardo não-lucrativo, será sacado. O cronômetro foi disparado.