JOÃO GUALBERTO JR.

Se liga aí, mineiro

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 16 de setembro de 2014 | 03:00
 
 

Estamos a apenas três semanas do primeiro turno e, se você for perguntar a cinco mineiros em quem eles vão votar para governador, em média, pelo menos um irá dizer que não sabe.

Até a semana passada, o contingente de indecisos era próximo de 25%, segundo os institutos. Pode ser que tenha reduzido um pouco com a proximidade da eleição. Será que o eleitor mineiro vai jogar os santinhos para o alto na manhã do dia 5 de outubro e escolher aquele que cair com o rosto virado para cima?

Comparando com pesquisas para governador do Ibope e do Datafolha para outros Estados grandes, o questionamento se aviva. No Rio, em São Paulo, na Bahia ou no Rio Grande do Sul, a esta altura, o índice de indecisos varia de 7% a 11%. No quesito “não sei”, Minas é um ponto fora da curva. Por que será?

Como tem sido a praxe após as eleições mais recentes, a polarização na disputa pelo comando do governo do Estado foi mantida. E esse racha mineiro espelha a dicotomia nacional: é sempre um representante do grupo tucano contra um do grupo petista.

Se o acirramento esquenta a batalha da largada, por que, ainda assim, há tantos indecisos entre nós? Podemos apontar algumas hipóteses.

A eleição para presidente deste ano também despertava pouca atenção. Mas a tragédia que vitimou Eduardo Campos e, por consequência, a ascensão de Marina Silva puseram o processo na ordem do dia, desde a imprensa às rodas do bar. Acontece que o debate nacional não compartilhou o protagonismo com o processo regional desde então, e a sucessão estadual vem se dando à margem. A rejeição ampla e geral aos processos políticos que tomou conta de uma parcela dos brasileiros também ajuda a explicar a indecisão em parte.

No entanto, essas duas hipóteses não ajudam a justificar por que a eleição em Minas se diferencia das de outros Estados tão ou mais populosos em relação à persistência do índice de indecisos. Certamente, a escolha dos dois nomes pelos dois partidos polarizadores não ecoou da forma esperada por esses grupos. Pimentel, era claro, seria o candidato do PT, desejo que não pôde concretizar há quatro anos. Já Pimenta foi uma surpresa para todo mundo. E não deixou de ser em boa medida.

Será que Pimentel é pouco petista para o eleitor petista fiel? Será que Pimenta caiu no esquecimento do eleitor aecista, que reluta em recolocá-lo na corrente presente das possibilidades? Sim, ao eleitorado mineiro parece não haver opções plausíveis. É uma condição que, para além da proximidade dos nomes dos candidatos, une os dois. Indecisão apoiada em indiferença com a qual nenhuma das campanhas conseguiu dialogar até agora, nas ruas ou na TV.

O que vem disso? Três possibilidades: primeira, os indecisos se dividem de forma proporcional ao grupo dos que já se posicionaram e confirmam a vitória de Pimentel; segunda, os aecistas dão seu voto de confiança mais uma vez e garantem uma virada a Pimenta na última hora; e terceira, teremos altos índices de anulações ou abstenções.