Joao Vitor Cirilo

Repórter da rádio Super Notícia 91,7 FM. Na Sempre Editora desde o início de 2016, atuando nos jornais O Tempo e Super Notícia. Amante do esporte, não apenas do futebol. Escreve às quartas-feiras

É quase impossível obter sucesso no Galo

Publicado em: Qua, 14/02/18 - 02h00

Na vida, sem convicção, não se vai a lugar algum. E parece ser esse o caminho do Atlético há alguns anos. A gestão atual, comandada por Sérgio Sette Câmara, parece seguir caminho ainda mais difícil que o da que tinha Daniel Nepomuceno à frente, o que já é possível perceber com apenas um mês e meio de trabalho. Pensando nessa semana incrivelmente e inexplicavelmente conturbada vivida no lado alvinegro de Belo Horizonte, chego a uma conclusão: é quase impossível obter sucesso no Galo.

Pra começar, é difícil conseguir resultado positivo demitindo um técnico por semestre. Façamos aqui uma linha do tempo após a saída do vitorioso Cuca, de 2014 até o atual 2018. Após passagem rápida de Paulo Autuori há quatro anos, Levir Culpi durou cerca de um ano e meio, entre 2014 e 2015, e foi quem teve maior sucesso, com as conquistas da Copa do Brasil, Recopa e Mineiro, além da segunda colocação do Campeonato Brasileiro, com um elenco limitado.

Diego Aguirre e Marcelo Oliveira dividiram o 2016, enquanto Roger Machado, Rogério Micale e Oswaldo de Oliveira estiveram em momentos distintos do último ano à frente do clube. Um fato: a pluralidade de ideias de jogo e de jeito de trabalhar. Alguns são mais experientes, outros mais jovens, uns adeptos da ofensividade, outros mais cautelosos, estudiosos... Enfim.

Mas além dessa troca excessiva de perfil na qual nos referimos, no Atlético, descarta-se sem nenhum tipo de ideologia. Peças que são contratadas conforme uma ideia de jogo podem não servir mais daqui a três meses quando um novo profissional chegar para o comando técnico. O processo de montagem e remontagem, evidentemente, atrapalha dentro de campo.

Critico aqui, aliás, também a demissão de Oswaldo de Oliveira nesse específico momento, um dia após o episódio lamentável que ele teve como protagonista no Acre. Um ponto: o Galo de Oswaldo não jogava absolutamente nada e não apresentava evolução. O trabalho era ruim. Porém, me parece que, às vezes, falta sensibilidade. O tal apoio ao profissional do clube, que teria sofrido "humilhação", durou 24 horas. Demiti-lo um dia após o fato não me pareceu o mais sensato.

O Atlético pode até voltar ao caminho das glórias em 2018, pode conseguir conquistas importantes e voltar a dar alegria ao seu torcedor, mas, com essa maneira passional com que se trabalha nos bastidores, a caminhada será bem mais difícil pra quem estiver à beira do gramado. Uma pena.

Dedicatória. Dedico esta coluna de hoje em solidariedade ao meu grande amigo Léo Gomide, que teve seu direito de trabalhar cerceado pela diretoria do Atlético no fim da última semana. Profissional competente, ético e dedicado como poucos, Gomide merece respeito. Quem conviveu e convive com ele no dia a dia, ou mesmo quem o acompanha como referência na cobertura do Galo na rádio Inconfidência e em suas mídias sociais, sabe o que estou dizendo.

Ainda bem que os responsáveis pela instituição tiveram a sensibilidade necessária para rever essa decisão, que não condizia com a história do Clube Atlético Mineiro.

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