JOÃO VITOR CIRILO

O VAR pode melhorar; a análise, também

O VAR precisa melhorar na velocidade, na clareza das ações. Mas nós também precisamos melhorar nossa análise

Por Da Redação
Publicado em 17 de abril de 2019 | 03:00
 
 
Daniel Hott/América

Começo esta coluna semanal deixando clara a minha opinião quanto ao clássico do último domingo: o Atlético foi prejudicado por marcações da arbitragem. Houve falta de Dedé em Igor Rabello dentro da área, não foi escanteio no lance que resultou no segundo gol, e houve certo exagero na expulsão do volante Adilson no fim do jogo, na famosa “lei da compensação”. Ponto.

Porém, a discussão proposta aqui é quanto à má-vontade de muitos envolvidos no futebol, incluindo torcedores e colegas de imprensa, com a inserção da tecnologia nas decisões da arbitragem. É quase uma campanha contra o VAR. Logo que um equívoco na marcação de campo acaba não sendo corrigido pela tecnologia, aparecem frases como “e esse VAR aí?” ou “cadê o tal do VAR?” ou ainda “o VAR é uma farsa”. Assustador.

Relacionando ainda com o jogo de domingo, no lance de Dedé com Igor Rabello, não há discussão, por não se tratar de algo interpretativo. Houve um equívoco da arbitragem de campo em encerrar a partida imediatamente após o lance e também da arbitragem de vídeo em não acionar o carioca Wagner do Nascimento Magalhães, responsável pela marcação de campo. Essa também é a compreensão da comissão de arbitragem da Federação Mineira de Futebol (FMF).

Importante frisar e destacar que o erro foi da arbitragem, um erro humano, e não da tecnologia. É o que tenho destacado sempre que me questionam sobre o VAR: ele serve para reduzir o número de erros, um paliativo importante. O árbitro de vídeo não vai extinguir os equívocos, também por ser comandado por humanos. O VAR precisa melhorar, óbvio, na velocidade, nas definições do protocolo, na clareza das ações. Mas nós também precisamos melhorar nossa análise. Fazer campanha contra não ajuda em nada. Pelo contrário.

Em campo

Passando para a análise do que foi visto dentro das quatro linhas, ficou claro que o que faltava ao Atlético de Levir Culpi era, pelo menos, o mínimo de organização. Rodrigo Santana não teve tempo para fazer grandes intervenções táticas, porém, ainda assim, pudemos ver uma equipe bem mais interessante coletivamente e consciente do que poderia apresentar. Não é exagero o treinador ter dito que ficou satisfeito com o desempenho. O Atlético teve chances, mesmo com os equívocos da arbitragem, de conseguir um resultado melhor no Mineirão.

Do lado do Cruzeiro, Mano Menezes disse entender que era possível um desempenho melhor. A Raposa ofereceu boas oportunidades ao adversário. Agora, vai para a Arena Independência jogando por um empate e, possivelmente, contra um Atlético mais ofensivo que no duelo do último fim de semana. Caso se exponha demais, creio que o Galo possa ter problemas.

Aliás, quanto ao Independência, creio se tratar de uma escolha do Atlético para tentar tirar o Cruzeiro da “zona de conforto” que é o Mineirão. Tecnicamente, creio que nada mude em campo. Assim como na última semana, pela vantagem e pela maior qualidade, a Raposa aparece como dona do favoritismo, porém, pelo regulamento e jogando diante do seu torcedor, seria loucura dizer que o Atlético não tem boas chances.