Jose Reis Chaves

José Reis Chaves é teósofo e biblista e escreve às segundas-feiras

Divergências existem por causa das diferenças dos teólogos

A evolução do conceito de Deus e as divisões das correntes cristãs

Publicado em: Seg, 09/03/15 - 03h00

Os espíritas não aceitam os dogmas criados pelos teólogos, mas os respeitam e procuram seguir rigorosamente os preceitos evangélicos. Já os protestantes e evangélicos, ao contrário, estão mais ligados aos dogmas do que ao evangelho, além de, às vezes, se prenderem muito ao judaísmo do Velho Testamento. Que fique bem claro aqui que não tenho nada contra os judeus, que muito admiro pela sua fervorosa fé monoteísta, e que muito têm também da essência do cristianismo não dogmático, do que é um exemplo os Dez Mandamentos. Além disso, a religião do próprio Jesus era o judaísmo.

O pensamento religioso é o que mais evolui. Constantemente, ele está em transformação, principalmente a respeito de Deus. E cada um de nós tem Deus do tamanho de nós mesmos, ou seja, de nosso nível diferenciado de inteligência e de nossa evolução científico-cultural-filosófico-teológica. Daí as polêmicas teológicas sem fim, que sempre existiram e existirão, e que são a causa de as pessoas mudarem tanto de religiões.

E é por isso que as ideias dos teólogos antigos a respeito de Deus, com todo o respeito a elas e a eles, precisam de uma revisão urgente, pois, às vezes, elas estão tão fora de tempo, que chegam mesmo a favorecer o crescimento daqueles que deixam de crer em Deus ou ficam sem religião.
Essas diferenças milenares de pontos de vista das pessoas, principalmente as dos teólogos, sobre Deus, sobre Jesus e sobre o Espírito Santo, estão também presentes na própria Bíblia e, às vezes, num mesmo autor em épocas diferentes de sua vida. Ademais, como os autores bíblicos receberam influências ou inspirações de espíritos humanos, deuses (espíritos desencarnados), ora bons (espíritos santos), ora maus ou atrasados, a Bíblia tem questões sobre Deus, o bem e o mal, envolvendo ora verdades, ora erros. E essas diferenças acontecem sempre entre os religiosos de todas as religiões, haja vista as divergências entre os cristãos e as da minoria dos islâmicos do Estado Islâmico com a maioria do verdadeiro islamismo.

E essas divergências são derivadas, em grande parte, das influências ou inspirações de espíritos de diversos níveis de evolução sobre os teólogos e dirigentes de religiões. “A nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra as potestades” (Efésios 6: 12). Sim, nós recebemos influência de espíritos bons e maus, pois Deus respeita o livre-arbítrio de todos os espíritos encarnados e desencarnados que sempre estão atuando no universo.

Aqui queremos abrir um parêntesis para abordar um assunto confuso. (Romanos 8: 11): “O mesmo Espírito de Deus que ressuscitou Jesus, e que habita em vós, ressuscitará a vós também. Esse espírito é o de Deus ou o nosso?”. Tentemos esclarecer essa passagem. “Pneuma” em grego significa espírito, sopro e vento. Veja-se a metáfora: “Deus soprou nas narinas de Adão” (Gênesis 2: 7). Então, “pneuma” significa sopro ou Espírito de Deus, propriedade de Deus, mas que é também um espírito emanado de Deus para cada ser humano.

A Bíblia não é a palavra de Deus. Ela contém a palavra de Deus transmitida para nós por meio de espíritos mensageiros ou anjos (“aggelos”), ou seja, espíritos enviados por Deus ao nosso mundo, confundidos, muitas vezes, com o próprio Deus. E muitas divergências teológicas cristãs existem exatamente por causa das diferenças de evolução cultural dos teólogos!

Recomendo “Resgate de Almas”, de Umberto Fabbri, lançado em 6.3.2015, em São Paulo, Editora Mundo Maior. www.mundomaior.com.br

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