JOSÉ REIS CHAVES

A reencarnação e a preexistência da alma incomodam os teólogos

Quem deve pagar o pecado é o próprio autor e não outra pessoa

Por Da Redação
Publicado em 10 de dezembro de 2018 | 03:00
 
 

Os teólogos católicos e, mais tarde, os protestantes e evangélicos, sempre tiveram ojeriza pela reencarnação. Na Bíblia, ela aparece com outros nomes, principalmente, com a palavra grega palingenesia que passou, com a mesma forma e o mesmo significado de reencarnação para o português e outras línguas. Essa palavra palingenesia aparece duas vezes no Novo Testamento, na sua língua original grega (Mateus 19: 38; e Tito 3: 5). Mas os seus tradutores contrários às vidas sucessivas tiveram a ousadia de traduzir essa palavra palingenesia com o sentido falso de regeneração em vez de reencarnação. A nossa regeneração ocorre no tempo da palingenesia, a qual não é a regeneração propriamente dita. Eles truncaram também o texto, a fim de ocultarem a ideia da palingenesia. Essa doutrina bíblica vai de encontro de duas doutrinas polêmicas criadas pelos teólogos e que, por isso mesmo, viraram dogmas: a do pecado original e a da criação da alma no momento da concepção do embrião. Na verdade, é isso que causa a ojeriza deles pela palingenesia. Eles ficam sem argumentos bíblicos para a condenarem. E, assim, preferem atacá-la alegando outro motivo, ou seja, a de que ela nega a redenção que Jesus veio nos trazer, quando a palingenesia até aumenta as nossas chances de redenção, pois não é só numa vida terrena, mas em quantas forem necessárias.

Vejamos, então, em síntese, que a Bíblia ensina realmente que a alma já existe antes do momento da concepção. Em outras palavras, a alma ou o espírito é preexistente com relação ao instante em que acontece a concepção no ventre materno. “Antes de te formar no ventre de tua mãe, Eu te conheci; antes de saíres do ventre materno, Eu te consagrei; profeta das nações Eu te destinei” (Jeremias 1: 5).

E vamos à outra questão que complica também para os teólogos a aceitação da palingenesia, isto é, a do pecado original e que contradiz o ensino da Bíblia: “A alma que pecar, essa morrerá: o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai a iniquidade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá sobre este” (Ezequiel 18: 20). Mais exemplos bíblicos de que quem paga os pecados é o próprio indivíduo que os comete: “Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os filhos no lugar dos pais: cada qual será morto pelo seu pecado” (Deuteronômio 24: 16). “...Os pais não serão mortos por causa dos filhos, nem os filhos por causa dos pais; cada qual será morto pelo seu próprio pecado” (2 Crônicas 25: 4). E concluímos esses textos bíblicos com o conhecido de Jesus: ninguém deixará de pagar tudo até o último centavo (são Mateus 5: 26).

Pelas passagens bíblicas citadas, está mais do que claro que a alma não é criada no momento da concepção e que quem tem de pagar o pecado é o próprio autor do pecado e não outra pessoa, o que seria uma injustiça. Consequentemente, a causa de nossos sofrimentos não pode ser o pecado de nossos longínquos pais Adão e Eva, mesmo porque eles são uma alegoria e não um fato real! Sofremos, pois, realmente, por causa de nossos próprios pecados cometidos, geralmente, em nossas vidas passadas. E, por isso, ousamos dizer que eles é que é o nosso verdadeiro pecado original!

PS: Recomendamos o livro “Do Outro Lado da Letra – Esclarecimentos sobre importantes questões evangélicas”, de Cauci de Sá Roriz, Ed. Federação Espírita do Estado de Goiás, Goiânia (GO), 2017, (62) 3281-5114, www.feego.org.br