Jose Reis Chaves

José Reis Chaves é teósofo e biblista e escreve às segundas-feiras

José Reis Chaves

A ressurreição significando palingenesia

Publicado em: Seg, 15/06/20 - 03h00

A palingenesia (reencarnação) já era muito conhecida no tempo de Jesus entre seus apóstolos e discípulos e, principalmente, entre os judeus cabalistas. E a ressurreição entre eles e os primeiros cristãos, às vezes, era entendida como sendo a palingenesia, palavra grega e portuguesa bíblica. E eles não sabiam bem o que ressuscitava: se era o espírito, o corpo ou os dois juntos.

No episódio da cura do cego de nascença (João 9: 1 a 3), fica claro que eles acreditavam na palingenesia. Sim, constatamos isso em sua pergunta ao excelso Mestre, a qual demonstra que eles, realmente, acreditavam em vidas anteriores e na lei de causa e efeito, popularmente chamada de lei do carma. Eis a sua pergunta: “Mestre, quem pecou para que esse homem nascesse cego, ele ou seus pais?” Para eles, o pecado trazia sofrimento cármico, no que estavam certos, pois, vejamos o que ensinou Jesus: “Ninguém deixará de pagar tudo até o último centavo” (Mateus 5: 26). E muitos acreditavam também que os filhos pagassem pecados dos pais, o que é errado e contrário à Bíblia. “A alma que pecar, essa morrerá: o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai a iniquidade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá sobre ele” (Ezequiel 18: 20).

Uma diferença-chave entre ressurreição e reencarnação é que a ressurreição é no mesmo e único corpo que o espírito teria numa única vida terrena, enquanto que na reencarnação, para os que a defendem, o espírito ressuscita ou ressurge em um corpo novo em cada reencarnação.

Vejamos um exemplo bíblico. “Por aquele tempo ouviu o tetrarca Herodes a fama de Jesus, e disse aos que o serviam: Este é João Batista; ele ressuscitou dos mortos e, por isso, nele operam forças miraculosas” (Mateus 14: 1 e 2). O tetrarca Herodes, apesar de ter dito uma coisa errada, ou seja, que Jesus é ressurreição de João Batista, nos mostra que, para ele e, sem dúvida, para o povo judeu, ressurreição é reencarnação, pois o espírito de João Batista teria ressuscitado em outro corpo, o de Jesus.

Outro exemplo: “Podemos até dizer que, na pessoa de Abraão, aquele que devia receber o dízimo, Levi, entregou o dízimo, pois ele estava no corpo do seu antepassado Abraão, quando Melquisedec veio ao seu encontro” (Hebreus 7: 9 e 10). Nessa passagem, o que, racionalmente, se entende é que o espírito de Levi estava encarnado, naquela época, no corpo de seu antepassado Abraão. É, pois, muito claro que o espírito de Levi, no passado, no tempo de Melquisedeque, era o próprio espírito de Abraão. Há mais exemplos na Bíblia de palingenesia, de que ela e ressurreição, às vezes, são sinônimas, e de que o que ressuscita é o espírito (1 Coríntios 15: 44).

“Presença Espírita na Bíblia”, com este colunista, na TV Mundo Maior, e tradução do "Novo Testamento completo", com notas explicativas inéditas. contato@editorachicoxavier.com.br (31) 3637.1048.

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