Jose Reis Chaves

José Reis Chaves é teósofo e biblista e escreve às segundas-feiras

Eles possuem um dom especial igual ao dos profetas bíblicos

Médiuns recebem espíritos bons que eles pensam ser o do próprio Deus

Publicado em: Seg, 21/03/16 - 03h00

A mediunidade, hoje, é estudada em grandes universidades, e há até teses pós-graduação sobre ela.

E é, principalmente, pela ignorância do povo judeu e da prática de comércio e charlatanice envolvendo-a, que Moisés proibiu sua prática em Deuteronômio capítulo 18. Kardec deixou claro que, quando ele dizia que uma pessoa era médium, ele queria dizer que ela possui um dom especial igual ao dos profetas bíblicos. E eles eram chamados também de videntes (1 Samuel 9: 9). Ademais, Joel e são Pedro profetizaram que, no futuro, todas as pessoas seriam profetas. E todo espírito é como se fosse uma extensão de Deus, daí a frase: “Derramarei de meu Espírito sobre toda carne”. “Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos...” (Joel 2: 28; e Atos 2: 17 e 18).

A mediunidade está presente em pessoas de todas as religiões e até nas ateias. São Paulo a chama de dom espiritual, ou seja, dos nossos espíritos. Ela consiste no dom de os médiuns atraírem espíritos que se manifestam por meio deles. Porém, numa manobra inteligente, mas infeliz, pois anulou uma verdade bíblica, os teólogos do cristianismo abafaram esse dom da mediunidade, passando a ensinar que era o Espírito Santo da Terceira Pessoa trinitária que se manifesta, e não um espírito humano bom (“bonus”), como diz são Jerônimo na Vulgata Latina. O Espírito Santo, Deus trinitário, foi criado por eles, principalmente, a partir do Concílio Ecumênico de Constantinopla (381). E ensinaram que só o papa e os bispos podiam recebê-lo, abafando, assim, o dom espiritual da mediunidade. Os poucos padres e bispos médiuns que recebiam espíritos bons acreditavam que fossem o Espírito Santo trinitário, mas ficavam confusos quando recebiam espíritos atrasados que não podiam, pois, ser tidos como o Espírito de Deus. E passaram a chamar esses espíritos de demônios (“daimones”). Mas, como se diz, o tiro saiu pela culatra, pois demônios são almas humanas boas ou más.

Mais tarde, os que tinham o dom de mediunidade, principalmente, se fossem mulheres, eram tidos como “endemoninhados”, bruxos e feiticeiros, e morriam nas fogueiras da Inquisição. Mas nada ficará oculto, ensinou o excelso Mestre. E, com o fim da Inquisição, a mediunidade vem avançando, como vimos, segundo as profecias de Joel e são Pedro.

“Samuel profetizou até depois de morto” (Eclesiástico 46: 20). Não foi, pois, o cadáver dele que profetizou, mas o espírito santo ou a alma santa dele, e por meio de um médium, sem o que não poderia haver a comunicação dele.

Os protestantes e, principalmente, os evangélicos pentecostais e fundamentalistas vão dizer que o Eclesiástico é da Bíblia católica, da qual Lutero retirou sete livros, entre eles esse livro, apócrifo para eles. Mas a Bíblia católica é muito mais confiável do que a de Lutero! Ademais, no Livro de Números 11: 24 a 30, Moisés não só reconhece como válida a recepção de espíritos que profetizavam pelos profetas encarnados ou médiuns Eldade e Medade, mas até os elogia! E nesse episódio não é também o Espírito Santo dogmático da Terceira Pessoa trinitária que profetizava, pois os dois recebiam espíritos (no plural) e não o próprio Espírito de Deus (no singular) como ainda pensam muitos cristãos médiuns, quando recebem bons espíritos!

PS: “Nos Passos do Mestre” nos cinemas, em 24.3.2016. Contato Feal: Erika Silveira, (11) 2086-4360 e assessoria@feal.com.br

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