Jose Reis Chaves

José Reis Chaves é teósofo e biblista e escreve às segundas-feiras

O vestibular da graça divina perdura pelas eternidades afora

Publicado em: Seg, 26/09/16 - 03h00

A graça da salvação ou libertação foi mesmo de graça, pois foi-nos dada quando fomos criados. Não tínhamos, portanto, nenhum mérito, ainda, para ganharmos antecipadamente essa graça. E ganhamos de graça também a inteligência e o livre-arbítrio, através dos quais temos que fazer a parte que nos toca fazer! “Faça da sua parte e Deus o ajudará!” E o excelso Mestre nos indica como fazer a nossa parte. É com a vivência de uma síntese que Ele fez do Decálogo e de seu Evangelho: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. E que Ele reforçou com este ensinamento: “Conhecereis meus discípulos por se amarem uns aos outros como eu vos amei”. Ora, são seus discípulos os que praticam esse seu ensino, e não os que seguem ou deixam de seguir outras doutrinas!

Realmente, Deus, do qual só emanam o amor e o bem, criou-nos com o poder de, um dia, chegarmos à felicidade perene e infinita por nós mesmos, pois Deus e o excelso Mestre respeitam religiosamente o nosso livre-arbítrio, expondo-nos princípios e não impondo-os pela força. E foi para nos ensinar o caminho da graça de nossa salvação que Ele, Jesus, foi enviado por Deus a nosso mundo, e não para morrer na cruz, pois, se fosse por isso, Deus seria cúmplice de seu assassinato! E, se não fosse essa a verdade real de nos ensinar o caminho do bem, Jesus teria perdido o seu tempo em vir ao nosso mundo trazer-nos o seu evangelho, e poderíamos, então, rasgá-lo e jogá-lo de vez no lixo!

A misericórdia de Deus é infinita, o que quer dizer que ela é imensurável e para sempre, transcendendo o tempo e o espaço. Mas uma parte de líderes religiosos, querendo amedrontar seus fiéis, limita essa misericórdia de Deus infinita, ensinando que Deus é também justo. Sim, Ele é também justo. Mas, com o seu ensino de que ninguém deixará de pagar tudo até o último centavo (Mateus 5: 26), Jesus deixa claro que somos nós mesmos que pagamos nossos pecados, desde o primeiro até o último, do que podemos concluir que pago o último centavo, nós ficamos quites, e não vamos, pois, pagar mais nada. E isso joga totalmente por terra as chamadas penas sempiternas e de apenas uma vida terrena. Esse ensino do maior Mestre escancara as portas para a ideia da reencarnação, do purgatório católico elogiado por Kardec, e para a ideia da falsidade do inferno de Dante Alighieri tão exaltado, ainda hoje, pelos nossos irmãos evangélicos.

Na justiça imperfeita humana, quem toma bomba na escola ou no vestibular, tem novas chances. Por que na justiça divina perfeita, e em se tratando de uma questão de vida e de morte metafísica muito mais importante, pois, do que passar de ano numa escola ou no vestibular, por que não haveria novas chances? Onde ficariam a regeneração e a chamada misericórdia infinita de Deus? Deus é amor e misericórdia infinitos, mas com a justiça da reencarnação, de novas chances, pois, como foi dito, pagamos tudo, mas só até o último centavo!

Novas chances da graça de salvação devem ser dadas realmente a todos nós, agora com nosso intelecto e livre-arbítrio amadurecidos, e mesmo porque Deus não quer que nenhuma de suas ovelhas se perca (João 8: 23).

Teólogos e dirigentes religiosos, não cometam blasfêmias contra Deus, apresentando-o como um pai celestial carrasco e inferior, pois, aos pais terrenos!

PS: Recomendo “Kardec & Chico, 2 Missionários – Pesquisa sobre a possibilidade de Allan Kardec ser Chico Xavier”, Paulo Neto, Ethos Editora, Divinópolis (MG), 2016.

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