JOSÉ REIS CHAVES

Os dois Espíritos Santos bíblicos e o dogmático dos teólogos

Esta é a principal discórdia entre cristãos e muçulmanos

Por Da Redação
Publicado em 16 de julho de 2018 | 03:00
 
 
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Os teólogos antigos fizeram uma confusão tremenda sobre o que, realmente, Deus é. E o pior foi a divinização do homem Messias, no Concílio Ecumênico de Niceia em 325. Com esse lamentável erro, o cristianismo ficou tendo dois deuses, o que provocou grande confusão e uma consequente divisão entre os cristãos, pois isso os igualava aos politeístas. Jesus quis se encarnar entre os judeus, justamente, porque eles eram monoteístas. E, mais tarde, como veremos, o cristianismo passou a ter três deuses. 

Não é necessário demonstrar as citações bíblicas referentes ao fato de que Deus o Pai é o Espírito Santo por excelência, pois isso é muito claro. E, às vezes, a Bíblia até usa outro modo de se referir a esse Espírito Santo de Deus, chamando-o de “Santo Espírito”, o que é a mesma coisa, apenas com mais ênfase.

Outro “Espírito Santo”, de acordo com a Bíblia, é a alma ou centelha divina que nos dá vida e que habita em nosso corpo, o qual é uma morada ou santuário desse Espírito Santo. Mas essa alma ou centelha divina tem a sua própria identidade, que jamais se confunde com a de Deus Pai, único Deus absoluto, Criador incriado, sim, pois Ele não é criatura. Todos os outros espíritos podem criar também, mas foram criados, isto é, são criaturas. E vamos a Paulo: “Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo (em grego: de ‘um’ espírito santo) que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (1 Coríntios 6: 19). Observe-se, por esse texto, que o nosso espírito santo é da parte de Deus, não sendo, pois, a identidade do próprio Deus, já que é a nossa alma com sua própria identidade. E ele é da parte de Deus porque foi emanado (“soprado”) ou criado por Deus. Quando a Santíssima Trindade foi decretada pelos teólogos, principalmente a partir do Primeiro Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 381, eles fizeram confusão entre o Espírito Santo de Deus Pai e o Espírito Santo da Terceira Pessoa Trinitária.

Quero deixar claro aqui que respeito a Santíssima Trindade e que apenas discordo do imbróglio que os teólogos criaram com ela a respeito de Deus. Eles tentam justificá-la dizendo que as pessoas é que são três e que Deus é um só. Mas caem em contradição, pois afirmam isoladamente que tanto o Deus Filho quanto o Deus Espírito Santo da Terceira Pessoa são deuses tão onipotentes quanto o Espírito Santo de Deus Pai. E, então, são três deuses! Essa é a principal discórdia entre cristãos e muçulmanos. E há uma corrente teológica católica que diz que o Espírito Santo da Terceira Pessoa representa o amor recíproco entre o Pai e o Filho. Temos aí, então, uma metáfora, o que não é, pois, real. A questão fica, pois, ainda mais confusa. E mais um detalhe, o Concílio Ecumênico de Lion (França), em 1274, decretou o Dogma do “Filioque”, ou seja, o de que o Espírito Santo da Terceira Pessoa procede do Pai e do Filho, condenando o da Igreja Ortodoxa Oriental, que defende a tese de que o Espírito Santo procede só do Pai, diminuindo, pois, o poder de Jesus Cristo.

A conclusão de tudo isso é que a confusão é mesmo grande. E, na verdade, “o” (“um’”em grego) Espírito Santo da Terceira Pessoa, como vimos (1 Coríntios 6: 19), representa biblicamente a alma ou centelha divina de cada um de nós. Por ser dogma, ele é o mais falado e conhecido, mas é interpretado erradamente contra a Bíblia!

PS: “Presença Espírita na Bíblia”, com este colunista, na TV Mundo Maior.