Jose Reis Chaves

José Reis Chaves é teósofo e biblista e escreve às segundas-feiras

Quando se troca a evolução pela involução

Publicado em: Seg, 18/02/19 - 03h00


Quando os tradutores atuais fazem a tradução de uma obra antiga, eles procuram melhorá-la. Mas com a Bíblia, na verdade eles têm procurado adaptar as ideias dela às suas doutrinas, principalmente as dogmáticas polêmicas.

De acordo com um texto evangélico antigo, até 1950 mais ou menos, e comum em todas as Bíblias, numa conversa de Jesus com Nicodemos, um homem importante entre os judeus, tal texto era assim: “Em verdade, em verdade te digo que se alguém não ‘nascer de novo’, não pode ver o reino de Deus” (João 3: 3). Mas como a ideia da reencarnação se tornou hoje muito comum, a frase “nascer de novo”, lembra claramente a reencarnação. Então não deu outra. Os tradutores bíblicos se apressaram em mudar esse texto “nascer de novo”. E foi fácil, pois o adjunto adverbial grego “anothen” (de novo) significa também “do alto”. E, assim, a passagem é necessário “nascer de novo”, depois de 2.000 anos, passou a ser é necessário nascer “do alto”. Mas, como se diz, “a emenda ficou pior do que o soneto”, pois, realmente, ficou muito claro que os tradutores de hoje querem mesmo é esconder a ideia da reencarnação!

Outro exemplo está no Velho Testamento. Ele trata da lei de causa e efeito ou cármica muito presente não só na Bíblia, mas também, em outras escrituras sagradas. Ei-lo: “porque eu sou o Senhor teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos ‘na’ terceira e quarta gerações daqueles que me aborrecem” (Êxodo 20: 5). Essa era a tradução, “ipsis litteris”, da Bíblia de João de Almeida de 1930. E a sua interpretação é a seguinte: ‘Nas’ suas terceiras e quartas gerações, ou seja, as dos seus netos e bisnetos, os avós e bisavós, que pecaram já teriam desencarnado. Isso quer dizer que os espíritos dos avós e bisavós que pecaram no passado, agora já desencarnados, podem reencarnar em alguns de seus netos (terceira geração) ou bisnetos (quarta geração), isto é, nas terceiras e quartas gerações dos “mesmos espíritos” que pecaram no passado e agora pagam os seus pecados. Era comum entre os povos antigos que os espíritos reencarnavam em seus descendentes, o que, de fato, ocorre. E os tradutores de hoje trocaram “nas” (em mais as) por “até” as, ficando a ideia absurda de “até a” terceira e quarta gerações, pondo todos os descendentes pagando o pecado dos seus antecedentes (pais) que pecaram, o que seria uma injustiça, e Deus é justíssimo! Na Vulgata de são Jerônimo está também assim “in tertiam et in quartam generationem (“na” terceira e quarta gerações, e não “até” a terceira e quarta gerações. Os tradutores falsificaram, pois, mais esse texto para ocultar a ideia da reencarnação.

Realmente, as traduções novas bíblicas cristãs nem sempre são uma evolução, mas uma involução para o verdadeiro conhecimento da Bíblia e do cristianismo!

PS: Recomendo “Modigliani – Mistérios a um toque de amor”, de Alex Ribeiro do Prado, Ed. Chico Xavier.

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