Jose Reis Chaves

José Reis Chaves é teósofo e biblista e escreve às segundas-feiras

Ricardo Lebourg Chaves

Santo Agostinho, bispo de Hipona

Publicado em: Seg, 05/08/19 - 03h00

A pesquisa do fenômeno religioso e teológico é, de certa forma, um fato sociocultural revelador e, às vezes, surpreendente no que se fere à vida e aos ensinamentos dos mais diversos santos ligados, por tradição, ao catolicismo e ao cristianismo primitivos. É nesse contexto cultural que podemos enquadrar, sem dúvida alguma, a emblemática figura cristã de santo Agostinho de Hipona.

Conforme alguns historiadores contemporâneos, Agostinho nasceu na antiga cidade africana de Tagaste, no século IV da era cristã, e foi responsável, de forma inegável, pela elaboração de vários trabalhos filosóficos e teológicos de conteúdo inestimável para o mundo ocidental, oriental e asiático.

Nesse sentido, Agostinho, o Santo da Inteligência, publicou, de fato, vários trabalhos de significativo conteúdo bíblico e filosófico durante o desenvolvimento do cristianismo primitivo e da própria patrística. Além disso, Agostinho também estudou temas envolventes e controvertidos, como, por exemplo, o pecado original, a predestinação, a “Cláusula Filioque”, a graça divina, o livre-arbítrio, o purgatório e a Santíssima Trindade, a qual foi consolidada definitivamente pelo Primeiro Concílio Ecumênico de Constantinopla, realizado em 381 d.C.

Observe-se, ainda, que Agostinho foi, segundo alguns historiadores, um grande seguidor do maniqueísmo persa, isto é, espécie de seita cristã esotérica e gnóstica que surgiu durante o século III d.C. O maniqueísmo agostiniano consubstanciava-se, principalmente, na dualidade do mundo, o qual era, por conseguinte, dividido entre o bem e o mal, entre Deus e o diabo, bem como entre os mundos material e espiritual.

Consequentemente, Agostinho de Hipona seguia, de certa maneira, os ensinamentos do apóstolo Paulo, o qual realmente já alertava-nos para a dualidade e existência dos mundos material e espiritual, confiram: “Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas” (2 Co 4:18). Ademais, o bispo de Hipona foi, ainda, um grande seguidor do neoplatonismo e do estoicismo helênicos, o que influenciou sobremaneira a filosofia, a teologia e a cultura ocidentais cristãs. Ainda na antiga Tagaste africana, Agostinho se tornou professor de gramática e, logo depois, em Cartago, fundou uma renomada escola de retórica.

Ressalte-se, por fim, que santo Agostinho converteu-se ao cristianismo no ano de 386 e foi ordenado sacerdote, em Hipona, no ano de 391. Além disso, Agostinho foi canonizado oficialmente em 1292 pelo então papa Bonifácio VIII. No que tange à sua família, o bispo de Hipona foi filho de santa Mônica e de Patrício, bem como teve um filho chamado Adeodato.

Ademais, Agostinho deixou, como foi dito, vários trabalhos publicados para a filosofia ocidental, oriental e asiática, como, por exemplo, as obras “De Civitate Dei”, “Confessiones”, “De Trinitate” e “Solilóquios.”

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