Jose Reis Chaves

José Reis Chaves é teósofo e biblista e escreve às segundas-feiras

Sem a reencarnação, a nossa tão decantada redenção capenga

Publicado em: Seg, 23/07/18 - 03h00

Realmente, sem a chance de novas existências dos espíritos em outras vidas terrenas, a nossa redenção tornar-se-ia uma balela. E é verdade que a redenção da unanimidade da humanidade é do desejo de Deus Pai. O que poderá, pois, contra o desejo infinito de Deus? Será que a ameaça de um líder religioso, para amedrontar seus fiéis, anularia o desejo de Deus? Jamais! “E a vontade de quem me enviou é esta: Que nenhum eu perca de todos os que me deu...” (João 6: 39). É toda a humanidade que foi dada a Jesus, pois Deus não faz acepção de pessoas (Atos 10: 34).

Conhece-se muito o ensino evangélico, segundo o qual se vai a Deus por meio de Jesus. Isso que dizer que aceitando o evangelho que Ele nos trouxe e praticando-o tal qual Ele o praticou, estamos seguramente caminhando para Deus e sendo um com Deus como Ele o é. Aliás, Jesus até nos convida para que, como Ele, sejamos também um com Ele e com Deus. “A fim de que todos sejam um. E como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste” (João 17: 21). A sua missão em nosso mundo, do qual Ele é o Salvador, é exatamente a divulgação do seu evangelho. 

Mas o Filho de Deus e do homem sabia e sabe muito bem que, para o seu evangelho, que nos salva, ser vivenciado por nós, depende de nosso livre-arbítrio. Sim, depende de nossa vontade e de quando quisermos pô-lo de fato em prática em nossa vida diária. É que, realmente, Deus respeita de modo incondicional o nosso livre-arbítrio, pois Deus é perfeito. 

Se os espíritos que somos são imortais, temos realmente todas as eternidades para adotarmos o ensino evangélico. E como já foi dito, isso depende de nossa vontade. Ademais, temos que ter fé nas verdades evangélicas. A fé nos salva. Mas, em grego, fé é “pistis” e significa também, além de fé, ‘fidelidade’. Então, quando se diz que tua fé te salvou, muitas vezes, a frase mais correta seria: Tua fidelidade (a Deus e a Jesus) te salvou. E fidelidade a Deus e a Jesus é inegavelmente a vivência do evangelho.

Lembremo-nos aqui do que diz o papa são Gregório Magno: Se alguém deve fazer alguma coisa aqui no mundo durante a sua vida e deixou de fazê-la, ele volta para realizá-la. 

Realmente, se deixarmos de fazer alguma coisa, na nossa reencarnação atual, que devíamos fazer, foi porque não pudemos ou, então, pudemos, mas não quisemos. E Deus tem o remédio de que precisamos para fazermos aquilo que não fizemos, ou seja, a nossa imortalidade espiritual acompanhada de novas oportunidades quantas forem necessárias, para que façamos aquilo que devemos fazer a fim de que continuemos a nossa evolução de retorno em direção a Deus, do qual procedemos para, por nós mesmos, construirmos a nossa perfeição que nos torne, um dia, merecedores de passarmos pela porta estreita da salvação ou libertação.

Merecedores sim, pois, como nos deixa claro o maior dos mestres, não basta só querer passar por ela. E seria um absurdo sermos imortais e termos apenas uma chance de salvação. Deus não é incoerente. E muitos, por enquanto, nem têm interesse de passar por essa porta estreita. Vai chegar o dia de eles quererem ultrapassá-la, mas só vão passar por ela, se já tiverem mérito para transpô-la.

E, se não tivéssemos novas chances de salvação durante as eternidades dos espíritos imortais que somos, a vontade soberana de Deus de nos salvar falharia!

 

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