JOSÉ REIS CHAVES

Traduções bíblicas fraudulentas para esconder o espiritismo

De 1960 em diante, vieram à tona passagens reencarnacionistas

Por Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2018 | 03:00
 
 
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É incrível que os teólogos tradutores da Bíblia, eles que tanto proclamam que ela é a palavra de Deus, no entanto, falsificam-na escandalosamente, com o objetivo de esconder as ideias dela contrárias às doutrinas criadas por eles nos concílios ecumênicos. Isso ocorreu sempre no decorrer dos séculos, mas principalmente, de 1960 em diante, quando vieram à tona várias passagens bíblicas espíritas e reencarnacionistas. Os tradutores, então, se apressaram em tirá-las ou, pelo menos, truncá-las, ficando, às vezes, até sem sentido as alterações.

E vamos a exemplos. “Mas se alguém morreu reviverá? – no tempo de minha corveia eu aguardaria, até chegar o meu revezamento” (Bíblia TEB). Esse texto meio truncado coloca uma pergunta sobre a reencarnação, pergunta essa que não existe no original grego, além de não deixar clara a resposta sobre a existência dela. E, com pequenas alterações, ele aparece em outras Bíblias tanto católicas como protestantes. Mas no texto grego, a reencarnação é afirmada claramente, não deixando nenhuma dúvida sobre a existência dela. Ei-la traduzida corretamente: “Quando o homem está morto, vive sempre; acabando os dias de minha existência terrestre, esperarei, porquanto a ela voltarei de novo” (Jó 14: 14).

Os saduceus eram uma corrente meio materialista do judaísmo, pois não aceitavam a ressurreição nem a existência de anjos e espíritos (Atos 23: 8). Provavelmente, eles não acreditavam na ressurreição, porque muitos diziam que ela era do corpo que o indivíduo tinha em vida, e em que muitos ainda assim creem quando na verdade, pela Bíblia, ela é do espírito. São Paulo, grande conhecedor do judaísmo, assim a ensinou em sua Primeira Carta aos Coríntios 15: 45: “Temos dois corpos, um da natureza e outro espiritual, e ressuscita o espiritual”. Sabemos que existe um dogma, o da ressurreição da carne constante do Credo Constantinopolitano, que respeitamos como respeitamos os nossos irmãos que nele creem, mas estamos falando de verdades bíblicas. E sobre a ressurreição, às vezes, ela era vista pelos judeus como sinônimo de reencarnação. Nesta coluna, já abordamos, várias vezes, mas vamos repeti-la para os novos leitores de O TEMPO. Há uma diferença muito importante entre as duas. A ressurreição polêmica dogmática do corpo que o indivíduo teve na vida nega a reencarnação, enquanto que a ressurreição do espírito e em outro corpo novo é sinônima de reencarnação.

Reencarnação em grego e até em português é palingenesia. Recomendamos, pois, ao leitor que veja essa palavra nos dicionários de português e de grego. Pela sua etimologia, “Palin” é um prefixo grego que significa repetição, e “genes” (gêneses) quer dizer nascimento, portanto, palingenesia é a repetição de nascimento ou reencarnação. Essa palavra está na Bíblia, mas foi traduzida erroneamente, de propósito, por regeneração. “Todos vós que me seguistes na palingenesia ou reencarnação” (Mateus 19: 28 e Tito 3: 5). A Bíblia de Jerusalém, para amenizar a alteração, colocou no lugar de reencarnação a expressão “coisas renovadas”, e acrescentou uma nota confusa que nada tem a ver com o assunto.

Nobre leitor, você que já ouviu falar, várias vezes, que a reencarnação não está na Bíblia, agora poderá responder que ela está sim com seu sinônimo palingenesia!

PS: Na TV Mundo Maior, “Presença Espírita na Bíblia”, com este colunista.