Jose Reis Chaves

José Reis Chaves é teósofo e biblista e escreve às segundas-feiras

Uma visão racional da Bíblia com destaque para o Eclesiastes

Publicado em: Seg, 05/09/16 - 03h00

O Eclesiastes é um dos livros bíblicos que nos dão uma ideia de como devemos entender a Bíblia, que não é literalmente a palavra de Deus, mas apenas um livro que contém uma mensagem de Deus, ou do Mundo Espiritual para nós, mas que foi escrito por homens, que não são isentos de erros! Mas não vamos por isso deixar de valorizar esse livro mais lido do mundo e que é de grande valor espiritual para o judaísmo, o cristianismo e até mesmo para o islamismo, pois no Alcorão constam também referências bíblicas.

O primeiro livro bíblico, o Gênesis, tem nos seus capítulos um e dois, duas narrações diferentes sobre a criação do homem, o que nos leva a entender que não foi só um o autor dele. Portanto, um não deve ser de autoria de Moisés. Ou quem sabe, ele é psicografia de espíritos diferentes, que o escreveram através de Moisés? Isso não nos parece estranho, pois Moisés era um grande médium. E há até outros exemplos de textos bíblicos que nos levam a pensar nessa hipótese. Aliás, como já sabem muitos de meus leitores, o respeitado pastor presbiteriano Nehemias Marien afirmou que a Bíblia é um manual de psicografia do princípio ao fim, e também de psicofonia.

Vamos a outro exemplo em que podemos admitir também a hipótese de psicografia de espíritos diferentes através do grande médium Moisés. Mas primeiro lembremo-nos do que disse Kardec sobre profetas. Segundo ele, médium significa uma pessoa que possui faculdades iguais às que possuíam os profetas da Bíblia, faculdades essas chamadas por são Paulo de dons espirituais, dos espíritos, pois, dos profetas ou médiuns.

Temos de ter mesmo um entendimento racional da Bíblia e não cego, mesmo que a consideremos escrita por autores inspirados por espíritos santos iluminados, pois, como já vimos, os homens podem errar.

Falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer um fala a seu amigo...” (Êxodo 33: 11). Moisés afirma que conversava normalmente com Deus como alguém conversa com outra pessoa. Mas, posteriormente, o próprio Moisés diz que quem vir Deus, não continua vivo. “...Não me poderá ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá” (Êxodo 33: 20). Com esse segundo texto, Moisés anula por completo o que disse anteriormente. E Jesus confirma a verdade desse último texto. “Ninguém jamais viu a Deus: o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou.” (João 1: 18).

E vamos ao Livro do Eclesiastes. Sabe-se que os saduceus formavam uma corrente do judaísmo que negava a ressurreição e a existência de anjos e demais espíritos. “Pois os saduceus declaravam não haver ressurreição, nem anjo, nem espírito...” (Atos 23: 8).

Nessa passagem, como vimos, os judeus saduceus eram materialistas, pois negavam a existência dos espíritos, dos anjos e a ressurreição dos mortos. Sabe-se que o Eclesiastes teve mais de um autor. E, a nosso ver, um deles era um saduceu, que, como dissemos, era membro de uma ala materialista do judaísmo.

E eis o que diz um texto do Eclesiastes: “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma...” (Eclesiastes 9: 5). Essa passagem do Eclesiastes é um dos exemplos claros de que a Bíblia tem de fato erros, pelo que numa visão racional dela, ela não pode ser tida como sendo literalmente a palavra de Deus!

PS: Para mais esclarecimentos, recomendo o programa “Dualidade” com Celina Sobral, na TV Mundo Maior, por parabólica digital e internet: www.tvmundomaior.com.br

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