Kenio Pereira

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Kênio Pereira

Individualizar água em edifício estimula economia

Publicado em: Qui, 29/07/21 - 03h00

A individualização do consumo de água nos edifícios oferece vários benefícios, como desestimular o desperdício e fazer justiça àqueles que economizam. A partir de julho deste ano, todos os projetos de novos edifícios devem prever obrigatoriamente a hidrometria, conforme a Lei Federal 13.312/2016, que determina que “as novas edificações condominiais adotarão padrões de sustentabilidade ambiental que incluam, entre outros procedimentos, a medição individualizada do consumo hídrico por unidade imobiliária”.

Ocorre que inúmeros edifícios em que a água é comum têm promovido a instalação da hidrometria nos apartamentos sem a devida reflexão, resultando em diversos prejuízos financeiros, demandas judiciais e desgastes entre os vizinhos. É fundamental os condôminos analisarem as normas da convenção e das leis antes de deliberarem sobre uma obra tão complexa e de elevado valor, que às vezes é aprovada pela assembleia de maneira tumultuada, sem a necessária assessoria jurídica. Há diversos pontos que devem ser analisados previamente, sendo comum o vendedor do serviço expor apenas os benefícios. Por ter interesse em lucrar com a obra, acaba deixando de explicar os problemas jurídicos e riscos da instalação em edifícios antigos.

A hidrometria, bem como a mediação individual de gás, avançou nos últimos anos, sendo fator de valorização dos apartamentos. Sua implementação teve início no Brasil há quase 20 anos. A Construtora Alturez foi pioneira em Minas Gerais, ao instalar a mediação individualizada de água no Ed. José Reis, no bairro Funcionários, em Belo Horizonte, projetado em 2002. Com a sua experiência, o seu diretor, o engenheiro Luis Flávio M. Albuquerque, esclarece que “nesses 20 anos ficou claro que o consumo de apartamentos, coberturas ou térreos é semelhante, pois as medições das unidades mostraram ser equivocada a ideia de que as unidades maiores gastam mais, sendo todas unifamiliares. A realidade é provada com a medição individual, pois quem consome água são as pessoas, com os banhos e o uso das descargas dos sanitários. Considerando que as coberturas e apartamento térreos têm a mesma média de moradores, o que vemos é o consumo médio igualitário”.

Um dos pontos positivos da hidrometria é que, caso um apartamento tenha consumo exagerado, por causa de um vazamento, este é consertado rapidamente diante do aumento pontual de um determinado hidrômetro. No prédio sem esse sistema, fica mais difícil perceber um vazamento, pois a variação da conta geral é comum, o que resulta em casos de os condomínios pagarem a mais pela conta por muito tempo.

A medição individualizada eliminou a polêmica sobre a ideia de que o consumo de água está atrelado ao tamanho do apartamento, e, assim, vemos a maioria das construtoras deixarem de utilizar a fração ideal para calcular a quota de condomínio, o que tem evitado conflitos. Com uma convenção bem elaborada, as relações entre os condôminos ficam mais harmoniosas, cabendo a cada um pagar o justo.

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