A mãe de uma amiga, viúva, 68 anos, encontrou nas páginas de um chat seu atual companheiro, de 75, também viúvo. O amor os rejuvenesceu, fez com que saíssem de suas tocas, esquecessem as dores nas articulações, nas pernas cansadas, nas almas solitárias, que até então, lentamente, vagavam sem rota definida.
Hoje, vão ao cinema de mãos dadas, compartilham o saco de pipocas, se apoiam na subida escura do recinto e depois, com todo o tempo do mundo, sentados num café, conversam sobre o filme. E o café se estende, a conversa invariavelmente leva aos filhos crescidos, aos netos, à felicidade de ter com quem compartilhar seus universos. Sabem que o momento exige qualidade, mais do que quantidade.
Neste ano um amigo meu fez 105 anos. O aparelho de audição, a vista prejudicada e as naturais dificuldades da senilidade não são motivos para que anseie chegar logo ao final da escada. Os degraus, embora escassos, ainda despertam nele o estímulo ao desafio.
Quando o conheci, ele tinha 98 anos. Lúcido, divertido, artista de mão cheia. Engenheiro aposentado, ajudou a construir nossa cidade. E foi numa tarde em sua casa que eu lhe perguntei:
– O que o torna assim, com tamanha vitalidade?
E ele me contou seu dia a dia. Semanalmente frequentava o clube onde, com alguns amigos, gostava de jogar buraco e conversa fora. Lia jornais e adorava comentar seus artigos, fazia esculturas, saía da toca.
E, no momento em que nos despedíamos, contou-me o que eu julguei ser a sua grande razão de bem viver.
– Laura! Eu tenho uma namorada... – Não foi preciso dizer mais nada, o segredo estava ali, nesse amor antigo que ainda hoje o acompanha.
Quando fez 100 anos, fui a sua festa e em julho de 2015, com satisfação, recebi o convite para comemorar seus 105 no mesmo Automóvel Clube. Ao vê-lo cercado por filhos, netos, bisnetos, parentes e pessoas queridas, me emocionei. E mais ainda ao ver ao seu lado o amor que o nutria.
Ouvi de minha mãe uma história singular:
– Laurinha, minha amiga Helena está namorando.
Quis me inteirar da história, pois conhecia a senhora – 78 anos, pequena e delicada. O namorado, um senhor viúvo, com pouco mais de 80. Assistem à TV de mãos dadas, almoçam e jantam juntos. Ela, sofrendo de Alzheimer, às vezes o confunde com seu falecido marido. Ele, com a cabeça também abstraída, a chama pelo nome da ex-esposa. E, nesse mundo que ambos criaram, se complementam. Um cuidando do outro, preocupando-se com seus medicamentos, ela, com a falta de apetite dele, ele, com a fisioterapia que ela não pode deixar de fazer. Ocasionalmente, quando assistem juntos à novela, ela adormece nos seus ombros. E assim o dia de ambos se torna mais leve e prazeroso, nutrido a cada instante por esse amor sereno.
PS: Minha sogra, Anna Medioli, completou 93 anos com muita lucidez, saúde e disposição. Faz palavras cruzadas e joga buraco diariamente. Assiste a novelas, futebol e telejornais na TV. Vai à missa todos os domingos, cozinha maravilhosamente bem e, como boa mamma, está sempre ligada no dia a dia de sua família “brasiliana”.
A mãe de minha amiga completou 90 anos com disposição e bom humor. Morava sozinha, próximo a uma das filhas, e requeria algumas atenções. E foi pensando nisso que as filhas, em comum acordo com ela, tomaram uma decisão.
Nunca, nesses anos todos de coluna, usei deste espaço para fazer propaganda de alguma coisa, mas, depois de conhecer a atual moradia da mãe de minha amiga, me senti na obrigação de divulgar o que vi, até porque, com isso, sinto que posso ajudar muitos idosos e seus familiares.
“Tranquilidade e bem-estar na maturidade” é o lema do Solar da Lagoa, situado na cidade vizinha de Lagoa Santa. Idealizado pela Congregação das Irmãs Discípulas de Jesus Eucarístico, busca o viver bem nesta etapa tão especial da vida, oferecendo estada temporária e residencial, com uma equipe integral de profissionais da saúde, capela, sala de cinema, sala de jogos, piscina aquecida e adaptada, sala de artes, espaço de fisioterapia, restaurante, biblioteca, salão de beleza, pista de caminhada, lago, sem contar a beleza e a limpeza do lugar.
Ali, ela já não se sente mais sozinha. Em pouco tempo, fez amizades. Joga cartas, assiste a filmes, faz ginástica... O lugar realmente encanta, e gostaria de apresentá-lo a vocês, leitores que, porventura, venham a precisar de uma excepcional moradia para seus entes mais queridos: www.solardalagoa.net ou (31) 3689-5511. Um lugar feito esse não pode ficar escondido.
Aos meus leitores informo que a partir de agora minha crônica passa a ser publicada no caderno TEMPO LIVRE, que circula nas edições de domingo neste jornal.